sábado, 11 de maio de 2024

Dr. ANTÔNIO DE ANDRADE REIS FILHO: cerimônia de inauguração do seu busto na Santa Casa da Misericórdia de São João del-Rei


Por Francisco José dos Santos Braga
 
DR. ANTÔNIO DE ANDRADE REIS FILHO - Homenagem da Santa Casa da Misericórdia pela abnegação de uma vida a serviço da saúde de São João del-Rei e região. - Crédito por todas as fotos: Rute Pardini Braga

Estando presente nesta data (sábado, 11 de maio de 2024) à cerimônia de descerramento do busto de Dr. Antônio Andrade Reis Filho a convite de D. Valéria Cordeiro, mãe de meu amigo Augusto, sinto-me inspirado a fazer algumas reflexões sobre essa figura notável de médico cirurgião, obstetra e ginecologista que foi, e sobre os grandes serviços que prestou à causa da saúde de São João del-Rei e região: Dr. Antônio de Andrade Reis Filho. 
 
Há 14 anos atrás, o sistema de saúde pública em nossa região foi muito fortalecido com dois eventos importantes: a inauguração e imediato funcionamento da Unidade de Pronto Atendimento - UPA Dr. Antônio de Andrade Reis Filho no mês de março de 2010 e a instalação do Serviço de Assistência Móvel de Urgência (SAMU), que entrou em operação no final daquele ano. 
 
A expectativa era de que a obra iria beneficiar 270.000 pessoas da cidade e região. 
 
Vários serviços médicos e ambulatoriais, principalmente de baixa e média complexidade, que até então eram prestados pela Santa Casa e pelo Hospital N. S. das Mercês, passaram a ser oferecidos pela UPA, apta a prestar atendimentos de urgência e triagem para encaminhamento hospitalar, sendo excluídos os casos de internações e procedimentos de maior exigência técnica. 
 
A ideia é que aqueles dois serviços fizessem parte de uma rede de urgência e emergência a ser implantada em nossa região e, como toda “rede”, deveria funcionar de maneira integrada, para que os resultados em benefício à população fossem os melhores possíveis. Para denominação de uma UPA com tal padrão de excelência e de utilidade pública, foi lembrado o nome de Dr. Antônio de Andrade Reis Filho, que honrou a sua profissão de conceituado médico cirurgião, obstetra e ginecologista, falecido em 1992, deixando viúva Marina de Resende de Andrade Reis, falecida recentemente, e sete filhos: Raquel, Carlos, Nelson, Inês, Antônio, Gisele e Eduardo.
 
A sua cidade natal fez uma homenagem muito carinhosa a ele: a UPA ganhou o seu nome.
 
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Convite para a homenagem a ser prestada ao Dr. Antônio de Andrade Reis Filho pela Santa Casa da Misericórdia de São João del-Rei

 
Dr. ANTÔNIO DE ANDRADE REIS FILHO nasceu em 1919, terceiro filho do casal Dr. Antônio de Andrade Reis (1882-1947), natural de São Tiago, e Gabriela Martins, natural de Juiz de Fora, apelidada de Bielinha. Graças a Dr. Antônio de Andrade Reis, pai, a Santa Casa notabilizou-se por seu bloco cirúrgico que ele ali criou, instalado com equipamentos (inclusive um centro radiológico, algo supermoderno naqueles tempos) que ele próprio adquiriu na Alemanha, inclusive com o concurso de seus dois filhos também médicos: Ivan Andrade Reis, nascido em 1910, que, depois de formado na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, se tornaria médico ginecologista e cirurgião de renome da Santa Casa, com especialização nos Estados Unidos, falecido em 1982; e Antônio de Andrade Reis Filho, depois de formado na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, foi especializar-se em Boston, após passar alguns meses em Nova Iorque para fazer alguns cursos, com o objetivo de retornar com aprendizado de modernas tecnologias para a Santa Casa. 
 
Como, a seguir, vou utilizar dois trechos do livro Estações de minha vida (2002), é preciso ainda mencionar que o casal Andrade Reis teve também uma filha, Niva de Andrade Reis, autora do referido livro de memórias, nascida aos 05/11/1917 e casada em 1ªs núpcias com Dr. Saulo Paulo Villa, já falecido, com quem teve quatro filhos, e casada em 2ªs núpcias com Eustáquio Gallejones Prieto, sem geração. Diferentemente de seus dois irmãos, após o Curso Normal concluído em 1933 no Colégio Nossa Senhora das Dores de São João del-Rei, ela se encaminhou para a pintura e, com a concordância de seus pais, seguiu para a Capital Federal para estudar pintura, arte de sua predileção, sob a orientação de Carlos Oswald.
[REIS, 2002, 181-182], no capítulo intitulado Infortúnios, relata os últimos dias de Dr. Antônio de Andrade Reis Filho, que constituíram para ela uma teia de infortúnios:
"(...) Antônio apareceu em meu apartamento muito abatido e se queixando da tireóide. 
Eu disse: Você precisa ver isso." 
Ele respondeu: "Depois do casamento de meus filhos." 
Em 1992, quando descobriu que era câncer, ele operou-se em São Paulo, tendo sempre o velho amigo Charli ao seu lado. Os médicos o mandaram para São João del-Rei, onde ele ainda morava, para descansar até a segunda cirurgia. Mas ele já sabia que não seria feita.
O médico que o tinha operado em São Paulo foi lá e procurou os médicos que estavam tratando dele: "Não deixem o Antônio sentir dor nenhuma, porque o caso dele não tem mais solução." 
Ele continuou trabalhando normalmente no seu consultório na Santa Casa, onde ele passava mais tempo do que na sua própria casa. Numa sexta-feira ele foi lá trabalhar e no sábado foi internado. 
Ao ser conduzido, ele disse: "Estou entrando em minha casa."
Ficou uma semana internado. Eu fiz-lhe companhia, junto com sua mulher Marina. Estava lúcido, caminhava, conversava muito comigo, mas tinha dores horríveis, amenizadas com injeções. 
Uma vez disse: "Lamento não ter rezado mais." 
Eu o consolei: "Você rezou a vida toda, fazendo bem a todos." 
Morreu na madrugada de domingo para segunda. Tinha sete filhos com Marina: quatro mulheres e três homens. Por isso ela usava um colar com sete bonequinhos de ouro dependurados."
[REIS, idem, 182] ainda continuou suas memórias: 
"Éramos muito unidos, eu e Antônio. Foi com ele que falei primeiro sobre minha intenção de casar com Gallejones" (seu 2º marido). (...) 
"Antônio gostava muito de festas, inclusive de seu próprio aniversário. Parecia uma criança rodeada de presentes. Íamos quase todos ao seu aniversário. Quando chegávamos, diziam: "Chegaram os Nivocas", como chamavam meus filhos, e nós chamávamos os filhos de Antônio de Tonicas, por causa do apelido dele, Tonico. Antônio e Marina tiveram sete filhos: Raquel, minha afilhada a pedido, casada com Joel Rodrigues e pais de Maíra, Gabriela e Mariana; Carlinhos, que mora em Cascavel-PR, pais de Kizzy e Tiago; Nelson, casado com Valéria, pais de Augusto e Pedro; Inês, que tem um filho chamado Felipe; Toninho, casado com Mônica, pais de Antônio e Ana Lúcia; Gisele, casada com Zequinha, pais de Zezinho e Marina; e Eduardo, casado com Ana Paula, pais de Isadora e Giovana."
 

 
Meus parabéns a toda esta distinta família, oriunda de São João del-Rei, que estendeu suas raízes para além desta terra e se fez admirada pelos três grandes vultos que exornam a Medicina são-joanense, presentes na galeria de médicos notáveis da Santa Casa da Misericórdia: Dr. Antônio de Andrade Reis (1882-1947), patrono da Cadeira nº 6 da Academia Mineira de Letras e patrono da Cadeira nº 28 da Academia de Letras de São João del-Rei, da qual sou atual ocupante; e seus filhos Dr. Antônio de Andrade Reis Filho (1919-1992) e Dr. Ivan de Andrade Reis (1910-1982).
 
Tomaram parte na cerimônia as seguintes pessoas e autoridades:
Cerimonialista: Tovar Luiz (gerente do Pop News)
Oradores: Carlos Antônio Neves Teixeira (provedor da Santa Casa, que encerrou seu pronunciamento com um telegrama do Dep. Fed. Aécio Neves abaixo referenciado) e Adriano José Tomás Teixeira (diretor administrativo na Santa Casa) em nome da Mesa Diretora da Instituição; Raquel Andrade Reis (em nome da família do homenageado); Dr. Luiz Antônio Neves de Resende (médico pediatra da Santa Casa); Dr. Paulo César de Araújo Rangel (cardiologista da Santa Casa, Diretor Presidente da Unimed São João del-Rei); Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (desembargador do TJ/MG e membro do IHGMG)
Membros da família de Dr. Antônio A. R. Filho: filhos (5 presentes), noras, netos, netas e bisnetos, bisnetas
D. Rute Silva, auxiliar do Dr. Antônio A. R. Filho

Abertura da cerimônia solene:
Por sugestão de Tovar Luiz, foi cantado o Hino Nacional Brasileiro.
 
Leitura do telegrama do Dep. Fed. Aécio Neves por Carlos Antônio Neves Teixeira:
"Caros membros da Diretoria da Santa Casa da Misericórdia de São João del-Rei, a quem já cumprimento pela feliz iniciativa de homenagear o saudoso Dr. Antônio Andrade Reis Filho.
Queridos amigos, familiares do Dr. Antônio presentes a esse evento; conterrâneos,
 
Impedido de estar presente a essa cerimônia por compromissos anteriormente agendados, não poderia deixar de enviar essa mensagem como forma de participar dessa solenidade que reverencia, com justiça, a memória desse que foi um dos mais destacados e dedicados médicos de São João.
Desde minha infância, recordo-me de ouvir o nome do Dr. Antônio, citado em nossa casa por meus avós, Tancredo e Risoleta, sempre com deferência e reconhecimento, como símbolo mesmo de entrega à medicina, o que fez com imensa dedicação e competência.
Vocacionado e estudioso, Dr. Antônio sempre recebeu o respeito de seus pares, mas, principalmente, de seus pacientes, a quem tratava com cuidado extremado, marca de toda a sua carreira.
Reconhecido como exímio profissional, Dr. Antônio agia como um humanista, o que marcou sua atuação neste centro de saúde, na verdade sua segunda casa, empenhando-se, com sucesso, para torná-la uma referência no atendimento médico de toda a população da região, sobretudo os mais pobres.
Dr. Antônio será sempre lembrado com admiração e respeito por todos aqueles que tiveram o prazer de conviver com ele e sua Família, de quem tinha enorme orgulho, ou que receberam dele atenção médica exemplar.
Mais uma vez, parabenizo a direção da Santa Casa pela homenagem, deixando meu abraço fraterno aos filhos e netos desse grande médico.
Aécio Neves
Deputado Federal"


Rute Pardini Braga, minha colaboradora




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O autor, Tovar Luís e Dr. Paulo César de Araújo Rangel
 
Raquel de Andrade Reis e Ruth Viegas, esta representando SICOOB Credivertentes São João del-Rei, dirigido por João Pinto de Oliveira
 
Nelson Andrade Reis e o autor
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filhos do homenageado: Nelson, Raquel, Inês, Antônio de Andrade Reis Neto e Eduardo de Andrade Reis. (Carlos de Cascavel-PR e Gisele do Rio de Janeiro lamentaram a impossibilidade de comparecerem à homenagem prestada pela Santa Casa a seu pai.) Ao fundo: encontro de 3 baluartes da medicina são-joanense: Dr. Euclides Garcia de Lima ("Tidinho"), Dr. Cid Rangel e Dr. Antônio de Andrade Reis Filho

 
Dra. Tatiane, D. Rute Silva (enfermeira auxiliar de Dr. Antônio A. R. Filho) e Dr. Pedro Cordeiro de Andrade Reis
 
 
Dr. Pedro Cordeiro de Andrade Reis e Dr. Roberto Veloso

Rute Pardini Braga, Ruth Viegas, Soninha e o autor

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O autor e Dr. Marco Antônio de Araújo Rangel

 
Ex-alunos do Ginásio Santo Antônio: Dr. Marco Antônio de Araújo Rangel, Dr. Luís Antônio Neves de Resende e o autor


 
 II. AGRADECIMENTO

À minha amada esposa Rute Pardini Braga por todos os registros fotográficos e colaboração na redação da crônica.
 
 
III. BIBLIOGRAFIA
 
 
BRAGA, Francisco José dos Santos: Meu discurso de Defesa do Patrono da cadeira nº 28, patronímica de Dr. Antônio de Andrade Reis, na Academia de Letras de São João del-Rei, postado no Blog do Braga em 28/10/2012.
 
_______________________________: DISCURSO DE SAUDAÇÃO PELO MEU INGRESSO NA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI por Dr. Euclides Garcia de Lima Filho (nosso amado Dr. "Tidinho"), postado no Blog do Braga em 11/10/2021
 
REIS, Niva de Andrade: Estações de minha vida, Rio de Janeiro: Editora Lidador Ltda., 2002, 195 p.