segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

12 de novembro, Dia Nacional da Liberdade

Por Francisco José dos Santos Braga

No dia 12 de novembro de 1746, Joaquim José da Silva Xavier era batizado na Capela de São Sebastião do Rio Abaixo, filial da Matriz de Nossa Senhora do Pilar da Vila de São João del-Rei, de acordo com o que se lê na folha 151v. do "Livro para servir de assentos dos batizados da freguezia de N. S. do Pilar da Vila de São João del-Rei - 1742/1749", existente na Biblioteca Nacional:

"Aos doze dias do mez de Novembro de mil setecentos e quarenta e seis annos, na Capella de São Sebastião do Rio abaixo o Reverendo Padre João Gonçalves capellão da dita Capella baptizou e poz os Santos Oleos a Joaquim filho legitimo de Domingos da Silva dos Santos e de Antonia da Encarnação Xavier; foram padrinhos Sebastião Ferreira Leytão, e não teve madrinha; do que fiz este assento.

O Coadjutor Jeronymo da Fonseca Alz."

Por ser este o primeiro assento eclesiástico (e também civil) referente ao Tiradentes, - já que é desconhecida a data exata de seu nascimento e à época, por não existir ainda o Registro Civil, o Estado concedia força de lei aos assentos eclesiásticos, - a data de 12 de novembro é comemorada como data de nascimento do herói e reveste-se de enorme importância para a nacionalidade brasileira. (1)

O Tiradentes hoje é reverenciado por todos os brasileiros, tendo sido proclamado Patrono Cívico da Nação Brasileira pela Lei 4.867, de 9 de dezembro de 1965 e instituído o dia 21 de abril como o Dia de Tiradentes.

Antes disso, o Decreto 9.208 de 29 de abril de 1946, havia instituído o mesmo dia como o "Dia das Polícias Civis e Militares", estabelecendo que as Corporações de todo o País, naquela data, "realizarão comemorações que terão como patrono o grande vulto da Inconfidência Mineira".

Apesar disso, desde pelo menos 1965, inúmeros brasileiros que cultuam a memória do nascimento do herói pátrio, comparecem “motu proprio” à Fazenda do Pombal, de diversas partes do País, para prestar a devida homenagem àquele que, nos seus 45 anos de vida, honraria a sua pátria com uma vida digna, disposto a doar-lhe a própria vida, como de fato o fez no dia 21 de abril de 1792.

Em consonância com o caráter eminentemente popular desse movimento de reverenciar a memória do nascimento do herói pelo menos desde 1965 como veremos abaixo, o Projeto de Lei nº 5.169, de 2009, de iniciativa do Deputado Reginaldo Lopes, busca instituir o “Dia Nacional da Liberdade” a data de 12 de novembro. Se aprovado, é possível, nessa data, contar com a transferência simbólica da capital mineira para São João del-Rei, como já ocorre em 16 de julho em Mariana por força da Lei nº 7.561, de 1979, que instituiu o “Dia do Estado de Minas Gerais”, e em 21 de abril ("Dia da Inconfidência Mineira") em Ouro Preto, quando o Governador assina a referida transferência da capital mineira para Ouro Preto, em frente à estátua do Tiradentes, em obediência ao que dispõe o § 2º do Art. 256 da Constituição do Estado de Minas Gerais, para comemoração de todos os mineiros. Buscando abrilhantar ainda mais as comemorações da Semana da Inconfidência, o então governador de Minas, Juscelino Kubitschek, através da Lei 882, de 28 de julho de 1952, criou a Medalha da Inconfidência, a mais alta condecoração concedida pelo Governo mineiro, para ser entregue anualmente em 21 de abril àqueles que, de maneira excepcional, tivessem contribuído para a projeção e valorização de Minas.

Como dizia, neste ano de 2009, na mesma data convencionada (12 de novembro), às 6h30min nos postamos perfilados perante a estátua do Tiradentes, medindo cerca de 3 metros sobre um pedestal de pedra em dois níveis medindo perto de 2,5 metros de altura, existente na Avenida Tancredo Neves em São João del-Rei, os seguintes cidadãos: Murilo Cabral, Ana Cintra, Antônio Gaio Sobrinho, Hércules Douglas da Costa e sua esposa Elaine Aparecida da Costa Pinton, representando o Município de Santa Cruz de Minas, além do autor deste artigo acompanhado de sua esposa Rute Pardini. Esse grupo retratava os bandeirantes no final do século XVII quando fundaram o Arraial Novo do Rio das Mortes, atual São João del-Rei.

Tomando a palavra, Murilo Cabral pronunciou breve mas eloquente panegírico ao maior herói da nação brasileira, ali figurado por sua estátua fundida em bronze, mãos cruzadas no peito, grilhão nos pulsos e corda no pescoço. A seguir, com a maior gravidade e unção, pôs-se a ler as seguintes placas afixadas no pedestal da estátua com os seguintes dizeres, aqui fielmente reproduzidos:

1) Na frente e no alto do pedestal:
A
TIRADENTES
HOMENAGEM
DE
SUA
TERRA
NATAL


O Alferes
Joaquim José da Silva Xavier,
o Tiradentes. Patrono
Cívico da Nação Brasileira.
Dec. n. 4897, de 9 de dezembro de 1965

2) Na frente e no centro do pedestal:
“Morto pela República, ó Tiradentes,
és a lição imortal, dada à República
da aversão ao sangue e à intolerância;
és, perante a República, o advogado
geral contra a vingança e a opressão.”

3) No alto do lado esquerdo do pedestal:
“Aos vultos de nossa história na Inconfidência Mineira, as autoridades federais, estaduais e municipais e o povo sanjoanense prestam perene memória nesta data, 21 de abril. Eles sofreram a morte, o exílio, humilhações e sofrimentos físicos, pelos ideais de liberdade desta pátria, tornando-se o alicerce de nossa nacionalidade nos princípios cristãos da liberdade e igualdade humanas.”

4) No alto do lado direito do pedestal:
Inconfidência Mineira
(1789 – 1792)
“Libertas quae sera tamen”
“Se todos quizessem, poderíamos fazer no Brasil uma grande nação”
“Respondeu que se chamava JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, filho de DOMINGOS DA SILVA SANTOS e de sua mulher ANTÔNIA DA ENCARNAÇÃO XAVIER, natural do Pombal, têrmo da vila de São João d’ El-Rei, capitania de Minas Gerais, que tinha quarenta e um anos de idade, que era solteiro, que não tinha ordens algumas, e com efeito vendo-lhe o alto da cabeça, vi que não tinha tonsura alguma, e que era alferes do regimento de cavalaria paga de Minas Gerais|.” (Depoimento de Tiradentes – Autos da Devassa, vol. IV, pág. 27)

Inconfidente punido com pena de morte na fôrca – 21 de abril de 1792 - Alferes – Joaquim José da Silva Xavier
(Autos da Devassa, vol. VII, páginas 239, 241 e 249 – Estampa 9)
“O papel mais arriscado, quero para mim”

Inconfidentes punidos com pena de morte comutada em degredo perpétuo na África: (Autos da Devassa – vol. VII – pág. 233 e 234)
Cláudio Manuel da Costa – Advogado
Dr. Domingos de Vital Barbosa Lage – Médico
Domingos de Abreu Vieira – Fazendeiro
Francisco Antônio de Oliveira Lopes – Fazendeiro
Francisco de Paula Freire de Andrade – Ten. Cel. Auxiliar
Dr. Inácio José de Alvarenga Peixoto – Advogado e poeta
Dr. José Álvares Maciel,
José de Resende Costa (pai) – Fazendeiro
José de Resende Costa (filho) – Escrivão
Luiz Vaz de Toledo Piza – Sargento-Mor
Dr. Salvador Carvalho do Amaral Gurgel – Cirurgião

Inconfidentes punidos com pena de morte comutada em degredo na África por dez anos:
Antônio de Oliveira Lopes – Medidor de terra
João da Costa Rodrigues – Estalajadeiro
João Dias da Mota – Cap.
José Ayres Gomes – Cel. Auxiliar
Tomás Antônio Gonzaga – Poeta lírico
Vicente Vieira da Mota – Cap.
Vitoriano Gonçalves Veloso – Alferes e alfaiate

Inconfidentes punidos com pena de morte comutada em degredo em fortalezas de Lisboa:
Carlos Correia de Toledo e Melo – Padre
José da Silva e Oliveira Rolim – Padre
José de Oliveira Lopes – Padre
Manuel Rodrigues da Costa – Padre
Luiz Vieira da Silva – Cônego

A leitura dos nomes dos inconfidentes, bem como a sua modalidade de condenação, constituiu o momento mais emocionante daquele ato cívico. O anúncio de cada um dos nomes, acompanhados de sua profissão, ecoou profundamente em todos os corações, levando-nos às lágrimas e a responder em coro: Presente!

5) No centro do lado direito do pedestal:
A 16 de agosto de 1965, deu início a Prefeitura de São João del-Rei à comemoração anual da data do nascimento do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, e hoje, um grupo de patriotas, em romaria cívica, vem reverenciar a memória do Protomártir da Independência.
São João del-Rei, 16 – 8 – 1965

Terminada a leitura, fiz notar a todos os presentes que faltavam todas as letras de metal que originariamente constituíam algum texto no verso daquele pedestal, porque ainda eram visíveis, chumbados na pedra, quase todos os pinos de metal em que se apoiavam as letras. A ausência desse texto aguçou minha curiosidade.

Mais tarde, com a ajuda dos pesquisadores Luiz Antônio Ferreira e Silvério Parada, consegui dirimir a dúvida através da leitura, com uma boa lupa, de um cartão postal da época da inauguração da atual estátua. Quando inaugurada em 1969, ali se encontrava, cravado na pedra, o seguinte dizer (2):
MONUMENTO
ERIGIDO
PELA
ADMINISTRAÇÃO
DO
PREFEITO
DR.
MILTON
RESENDE
VIEGAS
1967 - 1971

A seguir, em caminhada cívica tomamos o rumo da Fazenda do Pombal, distante cerca de doze quilômetros da referida estátua do Tiradentes e localizada na Rodovia 494, km 5 (entroncamento à direita) – zona rural, onde haveria a solenidade de comemoração dos 263 anos do nascimento do Tiradentes. A cerca de um quilômetro de caminhada, juntaram-se ao grupo inicial Rosa Muffato e Maria do Rosário Oliveira.

No sítio conhecido como Fazenda do Pombal, localizado atualmente no Município de Ritápolis, à solenidade se associaram as seguintes autoridades civis, militares e judiciais de diversas localidades de Minas Gerais: o Exmo. Prefeito de Ritápolis Sr. Antônio Ronato de Melo, o Exmo. Prefeito de Tiradentes Sr. Nísio Barbosa, o Presidente da Academia de Letras de São João del-Rei Dr. Wainer de Carvalho Ávila, o Membro da Academia de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei Dr. José de Carvalho Teixeira, o Subcomandante do 38º Batalhão da Polícia Militar Major José de Anchieta Machado, o Juiz da 2ª Vara Cível de São João del-Rei Dr. Auro Aparecido Maia de Andrade, Promotor de Justiça de São João del-Rei Dr. Adalberto de Paula Christo Leite, o Presidente da Câmara Municipal de Ritápolis Sr. Lucimar Antônio dos Santos, a Diretora do Departamento Administrativo de Ritápolis Sra. Cínthia Patrícia do Amaral Santos, o Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei Sr. Artur Cláudio da Costa Moreira, o Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes Sr. Carlos Alberto Caprioglio, a Diretora da "Escola Municipal Márcia Silva Resende Serpa" de Ritápolis Sra. Rosana Vicentina Resende, a Diretora da "Escola Estadual Padre Crispiniano" de Ritápolis Sra. Lana Sayonara de Almeida Dias, a Diretora do Departamento de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Ritápolis Sra. Flávia Fabiane de Oliveira Souza, o 2º Tenente Felipe Marques Arcoverde (representando o 11º Regimento de Infantaria de Montanha), o Diretor da Floresta Nacional de Ritápolis Sr. Nivaldo Meneses Machado, o Ex-Reitor da Universidade Federal de São João del-Rei Sr. João Bosco de Castro Teixeira, Presidente da Loja Maçônica Umbral das Vertentes Sr. Luiz Alberto, Sr. Cláudio Goddi (representando a Loja Maçônica Luz e Sabedoria e o Clube do Cavalo de São João del-Rei), a escritora de São Vicente de Minas Sra.Sandra Lucinda, o Ex-Diretor do Conservatório Pe. José Maria Xavier Prof. Abgar Campos Tirado, o Presidente do Rotary de São João del-Rei Sr. Carlos Felipe Lagumilla, o Secretário de Desenvolvimento de São João del-Rei e Venerável Mestre da Loja Maçônica Charitas II Sr. José Egídio de Carvalho e o Subsecretário da Secretaria de Cultura e Turismo de São João del-Rei Sr. Agnelo Alencar Dias Filho.

A solenidade foi aberta com a execução do Hino Nacional Brasileiro, em que a Banda do 9º Batalhão da Polícia Militar de Barbacena, sob a regência do Tenente Luiz Fernando de Araújo Caloy, se houve magnificamente. Durante a referida execução e a convite, hastearam a Bandeira do Brasil o Dr. Auro, a Bandeira do Estado de Minas Gerais o Sr Nivaldo Meneses Machado e a Bandeira da Cidade de Ritápolis o Exmo. Prefeito de Ritápolis.

Em seguida, ouviu-se eloquente discurso do Dr. Wainer de Carvalho Ávila, o qual conclamou os presentes, em especial as centenas de crianças das escolas municipal e estadual de Ritápolis, a relembrar fatos da vida digna do Tiradentes, não poupando críticas ao momento político presente da Nação brasileira, eivado de corrupção nos três Poderes da República. Ainda falou de uma concórdia "em trigonomia ideológica" entre os Estados Unidos da América, a França e a Capitania das Minas Gerais (do Ouro), visando à libertação desta última do jugo português. A Coroa Portuguesa, ciente do perigo que corria, decepou ao líder da Inconfidência Mineira não só a cabeça, mas a idéia. O orador criticou o povo de então das principais cidades de São João del-Rei, Vila Rica e Tiradentes por terem encenado um Te Deum em honra da morte do Alferes, por ordem da Coroa Portuguesa. Inspirado nos quatro quartos do corpo do Tiradentes, convocou a Nação Brasileira a ocupar o seu lugar no cenário latino-americano e internacional. Constatou que o símbolo da liberdade nacional — o Tiradentes — ainda carece de um local onde se possa prestar-lhe as devidas homenagens. Destacou a importância do Projeto Memorial a Tiradentes, a ser construído no local que o viu nascer — a Fazenda do Pombal — projeto idealizado por um grupo expressivo de patriotas; revelou ainda detalhes de sua aceitação desinteressada por parte do arquiteto Oscar Niemeyer, a quem rendeu justa homenagem. Incitou, finalmente, todos os presentes a apoiar a realização desse Projeto, em honra à Liberdade e em honra a Tiradentes, implantando-o definitivamente no sítio da Fazenda do Pombal, para visitação pública de todos os que acorrerem àquele local sagrado de nossa nacionalidade.

Depois, foi recebida, com salva de palmas e marcha festiva da banda de música, a comitiva que representava a chegada dos bandeirantes no século XVII, ocasião da fundação do Arraial Novo do Rio das Mortes, à localidade hoje conhecida por São João del-Rei. Tal comitiva, como disse anteriormente, era liderada por Murilo Cabral e acolheu muitos outros bandeirantes nos dois últimos quilômetros de caminhada até o sítio da Fazenda do Pombal.

Em seguida, foram convidados a montar guarda os Dragões da Inconfidência, vindos de Belo Horizonte e que foram cedidos pelo Coronel Sandro Teatini, para se ouvir o Hino de Ritápolis de autoria de José Severiano do Amaral, na execução do clarinetista Anésio Bernardo de Almeida, cidadão ritapolitano.

A seguir, alunos da Escola Municipal "Márcia Silva Resende Serpa" prestaram uma homenagem ao Tiradentes, declamando trechos do Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles.

Digna de nota foi ainda a apresentação da cantora lírica de Brasília, Rute Pardini, que, como homenagem do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei ao Tiradentes, cantou "a capella" a peça de Chiquinha Gonzaga sobre letra de Raimundo Correia: "As Pombas". Esse soneto, musicado por Chiquinha Gonzaga, foi publicado no livro "Sinfonias", em 1883, pela Editora de Faro & Lino, no Rio de Janeiro, podendo sua força lírica ser avaliada pelo leitor nos seguintes versos decassílabos belíssimos e impressionantes:

AS POMBAS
Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Destaque merece ser dado ainda ao vocábulo POMBAIS em itálico (grifo meu), que aparece quatro vezes no poema, uma vez em cada estrofe do soneto, evocando a FAZENDA DO POMBAL, sítio onde nasceu o Tiradentes.

Fazendo uso da palavra, o Exmo. Sr. Prefeito de Ritápolis Sr. Antônio Ronato de Melo, representando o povo ritapolitano, pontuou o fato de o Tiradentes ser herói brasileiro, e não herói ritapolitano, como diz o refrão do Hino de Ritápolis:
Meu orgulho é ser ritapolitano,
Terra boa, de gente varonil.
Tiradentes é meu conterrâneo,
O maior herói do Brasil!

"Tiradentes não é cidadão ritapolitano; é de todos, é brasileiro!", corrigiu corajosamente. Sem querer dar continuidade às querelas sobre a cidadania do Tiradentes, reafirmou o fato de que o herói nascera de fato naquelas plagas onde discursava. Afirmou peremptoriamente que o Município de Ritápolis não mediria esforços para a implantação do Projeto Memorial a Tiradentes pelos meios legais, respeitando os Órgãos envolvidos e o Instituto Chico Mendes.

Em seguida, em honra ao Tiradentes ouvimos a "Canção da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais", orquestrada pelo 9º Batalhão da Polícia Militar de Barbacena, com a seguinte letra do Coronel Saul Alves Martins:

Filhos de Minas,
erguendo a voz,
anos após
anos, lutaram
pelas doutrinas
que eles sonharam.
Rememoremos
os sacríficios
desses patrícios
desassombrados.
Fortes marchemos,
eia, soldados!

ESTRIBILHO

Os passos desses heróis são faróis
que segurança nos dão e razão,
nós seguiremos e cada vez mais,
paz queremos em Minas Gerais.

II

De iguais misteres,
com a mesma história,
somos a glória,
os descendentes
do bravo alferes,
O Tiradentes.

No sangue temos
a nobre herança,
toda a pujança,
dos conjurados.
Fortes marchemos
eia, soldados!

ESTRIBILHO

III

Somos a aurora,
rútila chama,
luz que derrama
felicidade,
brados de outrora,
paz, liberdade.
Por isso honremos
nossos varões
pelas ações
já consagrados.
Fortes marchemos,
eia, soldados!

ESTRIBILHO

Após a belíssima e empolgante apresentação da Canção da Polícia Militar de Minas Gerais, assistiram todos os presentes à soltura de balões (e por que não pombas brancas?).

Por fim, o Dr. Wainer de Carvalho Ávila convidou a advogada e historiadora Dra. Isolde Helena Brans para falar sobre suas pesquisas em arquivos e bibliotecas do País e do exterior. Tomando a palavra, a convidada informou que Tiradentes era, antes de mártir, um ativista e estadista que manteve contato com Thomas Jefferson, então embaixador dos Estados Unidos na França por meio de uma pessoa que usava o codinome "Vendeck". Afirmou que o Tiradentes esteve na Europa integrando a Missão Vendeck em 1787, para tratar de assuntos comerciais e políticos envolvendo a sua pátria, que pretendia libertar. A pesquisadora falou ainda de sua própria luta pela memória dos conjurados e, nesse afã, decidiu adquirir um casarão em Berilo-MG, próximo ao Vale do Jequitinhonha, cujo construtor foi o Inconfidente Tenente Coronel Domingos de Abreu Vieira, auxiliar da Companhia de Dragões de Minas Novas, além de contratador de dízimos. Ela ainda esclareceu que, em viagem de regresso à Colônia, por volta de 1787, o Tiradentes passou por Água Suja, hospedando-se no referido casarão. Por fim, levantou a hipótese de que o referido imóvel seja a fazenda denominada "sobradão em Araçuaí", mencionado nos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, referido como local de residência do bacharel Plácido da Silva e Oliveira Rolim, irmão do Inconfidente Padre Rolim.

Segundo ela, nos forros do imóvel há pinturas esclarecedoras sobre a Conjuração Mineira. Apresentou a todos os presentes um "banner" reproduzindo a face do suposto Tiradentes retratado no forro do casarão e vestido como um Dragão da Inconfidência e disse acreditar que essa reprodução possivelmente seja o único registro dele de época.

Antes de encerrar este registro da solenidade em homenagem aos 263 anos de nascimento do Tiradentes, gostaria de reafirmar que, conforme relatado, participaram ativamente da solenidade autoridades e cidadãos dos Municípios de Ritápolis, Tiradentes, São João del-Rei, Santa Cruz de Minas, Barbacena e Belo-Horizonte, numa demonstração inequívoca de civismo democrático e patriótico.

Gostaria finalmente de destacar que a pauta da solenidade de comemoração dos 263 anos do Tiradentes em 12 de novembro de 2009 esteve a cargo da Assessoria de Comunicação Organizacional do 38º Batalhão da Polícia Militar, sediado em São João del-Rei.




(1) Em Direito, a nacionalidade é adquirida pela pessoa natural no momento do seu nascimento (aquisição originária), sendo esta a principal forma de concessão da nacionalidade pelo Estado a quem nasce no seu solo (“jus soli” ou direito do solo, que, nas Américas, considera o território o critério para atribuir nacionalidade originária, e não o sangue).

(2) De acordo com o pesquisador Silvério Parada, durante a Administração Sidney Antônio de Souza (2005-2008), foram decididas tanto a não restauração da inscrição quanto a retirada das últimas 14 letras que restavam cravadas no monumento.
Sabe-se que a Administração Dr. Milton Viegas decidira pela remoção de um antigo busto oco do Alferes, do mesmo sítio para o Salão Nobre da Prefeitura, doado pela Sociedade Sírio-Libanesa de São João del-Rei e medindo cerca de 80 centímetros de altura. Na sua base quadrangular, pode-se ler ainda:
R. de Mingo
S.P. 938
Fundição Colmi

Fotos: Fazzion


* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

7 comentários:

J. A. Ávila disse...

Bela narrativa a do meu amigo e confrade Francisco Braga a respeito da já tradicional solenidade que acontece há anos na Fazenda do Pombal, em memória do batismo e do nascimento do menino Joaquim José da Silva Xavier.

A bem da verdade histórica, presumo que (pelo menos para alguns) foi lamentável a ausência do dr. Adalberto Guimarães Menezes na solenidade.

Adalberto é membro do IHG de MG e ocupante da cadeira que tem o Tiradentes como patrono, é tetraneto do Tiradentes e o idealizador e o organizador das ditas homenagens (desde 2002).

Antes de ele se manifestar oficialmente em favor das comemorações a cada 12 de novembro, até mesmo nós, são-joanenses e conterrâneos do Alferes, já havíamos "esquecido o caminho" que vai até a Fazenda do Pombal.

Dr. Adalberto foi injustamente alijado do processo, pelos organizadores da solenidade deste ano; o evento, antes com direcionamento cívico e com características memoriais, parece que neste ano - salvo exceções - teve conotações pessoais e foi revestido de vaidades.

Pelo menos é isto o que consta de uma declaração à mídia impressa, feita pelo diretor do Instituto Chico Mendes e, também, em correspondência de dr. Adalberto ao atual presidente da Academia de Letras, matéria que o remetente (Adalberto) presenteou-me com uma cópia que merece ser levada a público, dado o seu real significado cívico e histórico. Quem viver a verá!

As verdadeiras razões da forçada ausência do dr. Adalberto deveriam ter sido claramente mencionadas em alto e bom som lá na solenidade do Sítio do Pombal.Se não o fizeram, deve ser porque alguém, em proveito próprio, deve ester desejoso de esconder alguma coisa e apossar-se de uma idéia que já existe e, a partir dela, tentar implantar um projeto "diferente" daquele que já foi idealizado.

Receio que não construiremos muita coisa ou que pouco realizaremos se não houver união, justiça e objetivos maiores e mais altaneiros que as vaidades e os interesses pessoais. A caminhada é árdua e merece a união de todos, despidos das coisas mundanas.

Enquanto houver "Silvérios dos Reis" a torpedear e a injustiçar pessoas gradas, idosas, idealistas e e de firmes propósitos, todos avanços serão falsos e estarão impregnados de ressentimentos e de inverdades...

No entanto, afastado o meu lamurioso depoimento, vejo com alegria que o artigo publicado é relevante e traz em seu bojo observações da mais alta significação e importância.

Francisco Braga é um estudioso do maior quilate e que desde há muito tempo é também um dos grandes cultores da vida e obra do Tiradentes!

Hélio Petrus (escultor e poeta) disse...

Caro Braga:

Congratulo-me com o Amigo por ver realizado seu empenho em prol da justa e brilhante idéia, honrando mais uma vez a memória do nosso herói-mártir Tiradentes.
Agradeço a gentileza de presentear-me com o Livro de Dom Barroso. Se dependesse de mim, já estaria empossado como ilustre membro da Academia Marianense de Letras!.
Abs do Hélio.

Paulo José de Oliveira (escritor e presidente da Academia Formiguense de Letras) disse...

Ok nobre amigo confrade. Maravilha! Publiquei no Jornal A Gazeta e em nossa página no facebook. Me adicione no facebook. Parabéns! Um abç

Paulo José de Oliveira

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e Secretário Geral da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Prezado amigo e confrade Braga, você vai escrevendo sua história para a história. Cumprimento-o por isto. Fernando Teixeira

Dr. Alfredo Luís Carvalho (arquiteto e irmão do Maestro Guaraná) disse...

Prezado Dr.Francisco Braga
Agradeço o envio das matérias, que apreciamos muito e acompanhamos sempre.
Um grande abraço dos amigos daqui.
Alfredo L.Carvalho

Sérgio Vasconcelos Correia (compositor e membro da Academia Brasileira de Música) disse...

Obrigado e parabéns pela sua luta em pról da instituição do DIA DA LIBERDADE. Quando será que a teremos em sua totalidade? Fica a pergunta. Um grande e fraterno abraço do amigo de sempre.

Benjamin Batista (músico cantor, showman, escritor, palestrante e presidente da Academia de Cultura da Bahia) disse...

Otimas noticias. Viva o dia nacional da liberdade.
Abraços