sábado, 19 de junho de 2010

Elogio fúnebre em memória de JOSÉ BOMBEIRO


Por Francisco José dos Santos Braga





“Tentar compreender uma vida como uma série única e por si suficiente de acontecimentos sucessivos, sem outro vínculo que não a associação a um ‘sujeito’, cuja constância certamente não é senão aquela de um nome próprio, é quase tão absurdo quanto explicar a razão de um trajeto de metrô sem levar em conta a estrutura da rede, isto é, a matriz das relações objetivas entre as diferentes estações.” (Minha tradução)
Pierre Bourdieu: L’ illusion biographique. (Leia mais aqui).
José Estêvão do Carmo (26/12/1947-15/06/2010) era o quinto filho de Benedito Espírito Santo do Carmo (trompetista da Banda de Santa Cecília, sediada no Morro da Forca, e compositor, autor da melodia que deu origem à Marcha Fúnebre “Virgínia”) e Lindalva Lopes do Carmo, que tiveram, além dele, os seguintes filhos em ordem cronológica: Teresa, Etevaldo (falecido), Mercês, Aparecida (falecida), Júlia (residente em Madre de Deus) e Felipe (“Ninico”), residente em Barra do Piraí-RJ.

Meu biografado teve, com sua esposa Mercês Carvalho do Carmo, os seguintes filhos: Luciano Trindade do Carmo (grande clarinetista e informante de dados para esta notícia), Lindalva, Patrícia, Lourdes, Aparecida e Alessandra.

Deixou os seguintes netos que muito amava: Lucas (que promete ser excelente tubista), Isabella (que o avô ainda pretendia introduzir na banda), Adrian, Wesley e Maria Emanuella, essa última nascida em 19 de março p.p., dia de São José.

Além de “Zé Bombeiro”, devido à sua profissão, José Estêvão do Carmo costumava ser chamado de “Zé Combate” ou “Zé Combatão”, apelidos que bem exprimem seu caráter e a pessoa de fibra que era para todos os que o conhecemos. É bem provável que esses apelidos que lembram denodo e guerra tenham se impregnado no seu caráter ao longo de sua vida. Mas relatou-me sua irmã Júlia que, na verdade, Zé Combate, no seu primeiro emprego na Padaria Nossa Senhora do Carmo, costumava ingerir muitos pães-combate, para desespero de seu proprietário Sr. Geraldo. Daí o apelido que o acompanhou pelo resto da vida.

Contam que a denominação de pão-combate se deve à enorme durabilidade desse tipo de pão em tempos de guerra. Observe-se que essa guloseima é chamada diferentemente em outras regiões: no Rio o chamam de pão careca, em Divinópolis de pão sovado, em Pernambuco de pão crioulo e assim por diante. Apesar de suas diferentes denominações e apresentação ao longo do País, é provável que a massa utilizada em sua fabricação seja a mesma.

“Julinha, um dia você vai ver: meu nome ainda vai sair no jornal”, assim dizia à sua irmã querida, seguro de que o que estava realizando beneficiava a comunidade e beneficiaria os pósteros.

Suas paixões sempre foram a UFSJ e a BTF-Banda Theodoro de Faria.

Na UFSJ, foi funcionário exemplar, querido por todos os funcionários, acostumados a seu jeito bonachão e característico, sempre arrastando os chinelos para atender aos mais diferentes chamados das gerências.

1968: minha irmã Celina Maria Braga Campos, então solteira, apresentou a seguinte sugestão a Júlio Teixeira, Diretor da Fundação Universitária Municipal de São João del-Rei: de contratar-se o conhecido bombeiro hidráulico José Estêvão do Carmo, com larga experiência. O Diretor levou ao conhecimento do Marechal Cyro do Espírito Santo Cardoso, que prontamente aquiesceu.

A partir de então e através de todas as transformações por que passou a Fundação até atingir o “status” de Universidade Federal, o Zé Bombeiro desempenhou regularmente suas obrigações, conquistando a todos por sua simpatia e bonomia.

Na Banda Theodoro de Faria, foi Presidente em diversas ocasiões, a par de sua participação ativa como músico percussionista, tocando pratos e bumbo.

Foi ele quem reestruturou a “Semana da Música” (semana em que ocorre o Dia de Santa Cecília, 22 de novembro), que já faz parte do calendário musical de nossa terra. Recentemente comentava que a edição da “Semana da Música” de 2006, de todas, tinha sido a de seu maior agrado, já que conseguira mobilizar toda a comunidade musical da cidade: as duas orquestras centenárias, a Sinfônica, o Conservatório, corais, cameratas, grupo de choro e bandas civis e militares. Mesmo nas ocasiões que não estava ocupando a Presidência da Banda Theodoro de Faria (por exemplo, atualmente a preside o Sr. Juanito André do Sacramento), o Zé Bombeiro lá estava para atuar ativamente conseguindo adesão de todos os parceiros e somando forças para que o resultado fosse o melhor possível. Para consecução desse objetivo, não poupava esforços. Se precisasse, recorria diretamente ao gabinete do Governador Aécio, especialmente nos pleitos musicais para São João del-Rei e região, mantendo canal direto com Andréa Neves da Cunha, a coordenadora do Grupo Técnico de Comunicação do Governo mineiro, para ver atendidas suas reivindicações em benefício das bandas locais e vizinhas, buscando equipá-las de instrumentos novos e outros recursos.

Uma atividade pela qual nutria especial carinho era ajudar na distribuição de agendas culturais produzidas e comercializadas por Alzira Agostini Haddad, cuja arrecadação é toda direcionada a ações beneficentes. Sua parceira Alzira, desolada com a sua morte pré-matura, o tem na conta de parceiro fiel. Em suas palavras: “(…) o nosso grande ator sócio-cultural e mestre, o Sr. José Bombeiro. Deixou muitos amigos, saudades.”

A morte o encontrou ativo e cheio de vigor. No dia 13 de junho p.p., atuou como musicista na procissão em honra de Santo Antônio e na véspera de seu falecimento brincou e dançou calorosamente com sua netinha nos braços.

O seu corpo foi velado com a maior deferência na sede da Banda Theodoro de Faria.

Do cortejo fúnebre ficaram estampadas em minh’ alma as seguintes impressões:

A Banda Theodoro de Faria — uma de suas paixões — tocou em sua homenagem duas Marchas Fúnebres até a Igreja de Nossa Senhora das Mercês.

A Missa de Réquiem do Pe. José Maria Xavier foi executada pela Orquestra Ribeiro Bastos, sob a batuta competente de sua maestrina Maria Stella Neves Valle.

Após a missa de corpo presente celebrada por Pe. Ramiro José Gregório, o corpo de Zé Bombeiro foi conduzido ao cemitério das Mercês ao som dos acordes e notas dolentes de sua preferida Marcha Fúnebre “Virgínia”, composição de seu pai, com harmonização e orquestração de José Lino de Oliveira França (1893-1952). (Consta que foi composta por Benedito Espírito Santo do Carmo no dia da morte de sua mãe, o qual a homenageou da seguinte forma: entrando num quarto com muito pesar e dor, de lá saiu meia hora depois com a partitura da melodia que chamou de “Virgínia”.)

No cemitério, ainda se apresentou um grupo de sopros da Banda Theodoro de Faria, que Zé Bombeiro carinhosamente chamava de “Família BTF”, finalizando com um arranjo da conhecida peça “Amigos para Sempre” de Andrew Lloyd Webber.

Ouviu-se ainda elogio fúnebre na voz do Reitor da UFSJ Helvécio Luiz Reis, do Presidente da Banda Juanito André do Sacramento e do seu sobrinho Raimundo.

Zé Bombeiro viveu intensamente seus 62 anos que lhe foram concedidos nesta terra. Era padrinho do time do Guarda-Mor, encontrava-se toda tarde com amigos para uma partida de truco, era amante da dança, pé-de-valsa, boêmio e flamenguista “doente”. Faleceu no dia da estreia do Brasil na Copa.

Antes de escrever esta matéria, encontrei-me com seu filho Luciano, em busca de dados, o qual me confidenciou que seu pai sempre anunciava minha chegada com entusiasmo: “Meu amigo de Brasília chegou!” E lá passávamos horas e horas em nosso assunto predileto: bandas.

O que falta ainda dizer sobre meu amigo Zé Bombeiro? Talvez tenha ficado algo inconcluso em sua vida: a sua busca incessante, mas sem sucesso, pelas partituras manuscritas de autoria de seu pai Benedito (1906-1984), em sua passagem pelas bandas onde trabalhou nas cidades de Ibertioga e Ibituruna. Consta que Benedito teria composto, pelo menos, algumas Marchas, um Hino à Nossa Senhora Aparecida e um dobrado “Francisco Braga”, dedicado a mim. Também acho que Zé Bombeiro teve uma frustração na vida ou um sonho não concretizado que eu deixei estampado num ensaio que escrevi e levei ao site São João del-Rei Transparente:

“(…) acompanhado do musicista Sr. José Estêvão do Carmo, dirigi-me a Ibituruna e constatei o péssimo estado de conservação do acervo da banda local, tendo recomendado à UFSJ-Universidade Federal de São João del-Rei a criação de um Museu Bandas de Música das Vertentes para acondicionamento, arquivo e digitalização das partituras que se encontram nas respectivas sedes em processo de decomposição.” (Leia mais aqui)

Será que devo dizer tudo? Vá lá então: ele queria que esse Museu tivesse o nome de seu pai.

Imagem: última foto de Zé Bombeiro tirada por sua filha Patrícia na manhã do dia 11/06/2010, na sala de xerox da UFSJ. Obs.: Primeira foto tirada na sua nova máquina fotográfica.



* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Doces Recordações da FGV nos anos 70 > > > Parte 1 > > >



--> Por Francisco José dos Santos Braga


1º Capítulo: Minha aprovação para o CPM-Curso Preparatório ao Mestrado da FGV
"Querer vencer significa já ter percorrido metade do caminho."
Ignacy Jan Paderewski (compositor e pianista, diplomata, político e Primeiro Ministro polonês)


Início do ano de 1974, cidade de São Paulo.

Passo pela Secretaria Escolar da Fundação Getúlio Vargas, que fica no terceiro andar, e sou informado pela Secretária Escolar Midori Kuma (que se incumbe dos cursos de Graduação e de Pós-graduação) de que devo procurar meu nome numa relação de aprovados para o CPM-Curso Preparatório para o Mestrado, o qual será oferecido durante aquele primeiro semestre de 1974, visando propiciar, tanto aos estudantes de disciplinas afins à Administração de Empresas (Economia, Direito e Engenharia) quanto aos professores de Administração de Universidades brasileiras necessitando reciclagem, os conhecimentos indispensáveis ao acompanhamento do Curso de Mestrado em Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas.

Vou verificar a ocorrência do meu nome na lista e tenho um dos grandes prazeres de minha vida: lá está meu nome, que cresce desmesuradamente aos meus olhos, pois eu estou sem dúvida realizando uma proeza, eu que tinha obtido meu diploma em Letras pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, de São João del-Rei em final de 1971 e, em seguida, decidira tentar a vida na "cidade grande".

Peço à Secretária que faça constar em papel timbrado da FGV uma declaração, para que eu possa dar ciência a meu empregador sobre o meu desempenho. Acedendo a meu pedido, a Secretária lavra o seguinte ofício:

"3698/SE/CPG/73
Declaramos, para os devidos fins e a pedido do interessado, que o Sr. Francisco José dos Santos Braga foi classificado para o Curso Preparatório ao Mestrado em Administração de Empresas, neste 1º Trimestre de 1974, desta Escola.
Declaramos, outrossim, que o referido Curso terá início em 21.01.74.
São Paulo, 2 de janeiro de 1974
Midori Kuma
Secretária Escolar"

Como todo documento expedido pela FGV naquele ano, o referido ofício, que ainda conservo em meu poder, traz estampado um selo comemorativo que diz:
1954-1974
EAESP-FGV
20 ANOS PELA ADMINISTRAÇÃO

Então está decidido: vou pedir demissão do meu cargo de Técnico em Importação e Exportação da Medidores Schlumberger S/A, uma firma francesa localizada na Vila Leopoldina, próximo à Ponte dos Remédios, fabricante de hidrômetros residenciais mecânicos e medidores monofásicos de energia elétrica e que tinha iniciado suas operações no Brasil no ano de 1946 com o nome de Companhia Brasileira de Medidores, competindo no mercado com a General Electric que já estava no Brasil desde 1919. Sei que vou cometer uma loucura, tendo em vista que a Medidores, seis meses antes, me atraíra a seu quadro de funcionários mediante o pagamento do dobro do salário que eu vinha recebendo na Ciba-Geigy S/A, sediada no bairro do Brooklin.

O que fazer, se não me sinto integrado à economia de mercado, com a minha formação clássica pouco adaptada ao mundo contemporâneo? Não são suficientes os conhecimentos sobre comércio exterior adquiridos em cursinhos, ofertados por vários institutos, que fervilham em São Paulo? Na minha opinião, não. Preciso mesmo — penso definitivamente— é inserir-me na modernidade e não há melhor lugar que me obrigue a essa transição do que a Fundação Getúlio Vargas, uma escola de renome internacional que ensina a técnica norte-americana de administrar. ¹

"A FGV tem a fama de ser produtora de executivos", penso cá com os meus botões, refletindo o boato que corre sobre a eficiência do seu processo ensino-aprendizagem. "Deve ser porque encara a Administração não de forma empírica, como as demais escolas no País, mas cientificamente, de modo mais profissional, o que vem criando essa aura que ela exibe."

Decisão tomada, comunico ao diretor Jacques Panier que pretendo deixar a empresa que já me acolhia por seis meses, em seguida me dirijo ao Setor do Pessoal para tratar de minha demissão com sua chefe Suzanna Vasarhelyi, peço as minhas contas, desligo-me definitivamente da empresa.

O que tenho feito até então na "cidade grande"?


NOTA  DO  AUTOR


¹ Aqui talvez caiba uma observação curiosa que me ocorre para descrever o estranho estado em que me encontrava então. Recentemente, buscando matérias interessantes em blogs dedicados a estudos clássicos sobre a cultura greco-romana, localizei uma palavra em inglês que expressa bem meu estado de espírito naquela ocasião: "rogueclassicism", que é definido como "um estado ou condição anormal resultante da migração forçada de uma longa educação clássica para dentro de um mundo profundamente não-clássico". O vocábulo "rogue" é comumente usado para um animal desgarrado da manada, como na expressão "rogue elephant", que define o elefante que se desgarra da manada. Uma pessoa que sofre do mal do "rogueclassicism" é chamada de "rogueclassicist".


* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

2010 - ANO CHOPIN > > > Parte 8 > > > Rio Folle Journée (IV edição brasileira)


Por Francisco José dos Santos Braga



Nesta Parte 8 da série de ensaios dedicados a 2010 – ANO CHOPIN, venho informar sobre mais um evento cultural de enorme repercussão em nosso País: Rio Folle Journée 2010 (quarta edição brasileira).

A cidade de Nantes, na França, é o berço do referido festival, que lá é conhecido por La Folle Journée, cuja primeira versão foi idealizada e organizada em 1995 por René Martin, inspirado por um show do U2, em uma tentativa de tornar a música clássica acessível a todos os públicos, como um concerto de rock. Atualmente, a maratona acontece em Bilbao, Espanha, e em Tóquio, Japão, além de França e Brasil. O Rio de Janeiro, desde 2007, tem sido a primeira cidade das Américas a sediar o evento. No Brasil, a parceira de René Martin é Helena Floresta, diretora da Intermezzo.

Trazer o projeto à cidade do Rio é, no mínimo, um feito extraordinário. Desde 2007 a Rio Folle Journée vem se constituindo numa celebração da música, num congraçamento de artistas e público, bem como num percurso anual por temas importantes da história da música. Relembrando: em 2007 a Rio Folle Journée teve como tema Harmonia dos Povos – As Escolas Nacionais, com destaque para o choro como raiz para inspiração de toda música erudita nacional. Em 2008, o tema foi Beethoven e em 2009 foi Mozart.

Esta quarta edição é dedicada a Fryderyk Chopin
, já que em 2010 se celebra o bicentenário do nascimento do grande musicista polonês. Sua extraordinária obra para piano será integralmente executada em 14 concertos por cinco pianistas estrangeiros; em outros 19, artistas daqui e estrangeiros executarão peças de outros autores, entre eles brasileiros que se deixaram tocar pelo romantismo de Chopin, como Henrique Oswald, Villa-Lobos, Antônio Francisco Braga, Ernesto Nazareth, Francisco Mignone, Pixinguinha e Tom Jobim, entre outros.

Os cinco pianistas estrangeiros Anne Quéffélec, Abdel el Bacha, Iddo Bar-Shai, Momo Kodma e Philippe Giusiano, de três diferentes gerações, se revezarão até domingo (dia 6/6), apresentando toda a obra integral para piano (noturnos, sonatas, mazurcas, valsas, etc.) em ordem cronológica. As composições para outros instrumentos são em número pequeno.

Os cinco trarão suas visões originais sobre Chopin, permitindo ao público brasileiro o acesso a uma escuta diversificada desta música,como já o fizeram em Nantes, cidade natal de La Folle Journée. Eles também já passaram por eventos em Bilbao, na Espanha, Tóquio e Kanasawa, no Japão.

Outros solistas convidados são Nelson Freire, Arthur Moreira Lima, Eduardo Monteiro, Ronaldo Rolim e outros. Os concertos serão realizados no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, recém-reaberto; além disso, serão utilizados ainda seu pequeno teatro do prédio anexo, o Teatro João Caetano, o Auditório do BNDES e um espaço da Uni-Rio.

Programação da Rio Folle Journée


Será apresentada a Integral da obra para piano de Chopin (pelos cinco pianistas estrangeiros) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com os seguintes módulos:

1) 2 de junho, de 12h 30min às 17h 30min: composições de 1817 a 1830
2) 3 de junho, de 10h às 17h : composições de 1830 a 1836
3) 4 de junho, de 10h às 17h: composições de 1836 a 1841
4) 6 de junho, de 11h às 16h: composições de 1841 a 1849.

Além dessa apresentação, estão programados ainda os seguintes concertos com solo de pianistas brasileiros, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky à frente da Orquestra Petrobrás Sinfônica:

1. Às 20h 30min de 2 de junho, Nelson Freire toca o Concerto nº 2 para piano e orquestra em fá menor op. 21
2. Às 19h do dia 6 de junho, Arthur Moreira Lima toca o Concerto nº 1 para piano e orquestra em mi menor op. 11.

A apresentação de outros pianistas (principalmente brasileiros) está prevista, mas nesta matéria vou limitar-me aos eventos de maior repercussão. As outras apresentações deverão ser consultadas diretamente na programação completa do evento.

A Bradesco Seguros e Previdência está patrocinando o Rio Folle Journée 2010, edição especial no Brasil que celebra o bicentenário do nascimento de Fryderyk Chopin.



* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...