quarta-feira, 20 de maio de 2015

QUE HORROR! VEJAM COMO VÃO ENSINAR AS CRIANÇAS DO 5º E 6º ANOS DO CURSO PRIMÁRIO A ESCREVEREM, A PARTIR DO NOVO ANO LETIVO

Por Francisco José dos Santos Braga



 I.  INTRODUÇÃO

O texto em grego que se lerá abaixo na minha tradução me foi gentilmente enviado pelo Prof. Alexandre Orfanídis, residente em Atenas, motivando-me, de certa forma, a traduzi-lo e a procurar material que constituiria o contraditório, na própria Internet. 

O texto em si (que está nas redes sociais desde 2012), anônimo, corresponde a um suposto ataque de pessoas letradas e mães de alunos do 5º e 6º anos do curso primário, indignados com a extrema simplificação da língua grega escrita no alfabeto "fonético", promovida pelo governo representado por seus ministros da Educação que, em última análise, são os que baixam portarias oficializando o material didático a ser utilizado no ensino da Língua Grega, o que na opinião dos primeiros constitui uma deformação, aleivosia ou crime de lesa-pátria, suprimindo a Gramática tradicional. Por outro lado, é apresentado aqui também o contraditório: a posição do ex-ministro da Pasta da Educação, Sr. G. Bambiniótis, e do presidente do Centro de Língua Grega, oficialmente o conselho científico do Ministério da Educação grego. ¹

Acredito que esse tema seja de interesse para todos os que nos preocupamos com problemas linguísticos, recomendando sempre muita cautela e bom senso por parte de acadêmicos e de comissão de entendidos na hora de conduzirem estudos propondo reformas linguísticas, conforme já tive a oportunidade de mencionar em artigo anterior intitulado "Implicações da Reforma Ortográfica da Língua Grega em 1976", de minha autoria. ²

A tradução que ofereço abaixo para o texto grego e para as referências em inglês é de minha inteira responsabilidade.

II.  TEXTO


QUE HORROR! VEJAM COMO VÃO ENSINAR AS CRIANÇAS DO 5º E 6º ANOS DA ESCOLA PRIMÁRIA A ESCREVEREM, A PARTIR DO NOVO ANO LETIVO  ³


Os traidores da nação só sabem uma coisa: que tudo será eficientemente destruído. O que não sabem, contudo, é quando virá a sua própria destruição...!!!

De acordo com as novas "regras" de 2012 já aprovadas pelo Ministério da Educação, eis como vão ensinar as crianças gregas do 5º e 6º anos da escola primária a escreverem, a partir do próximo ano letivo. Já eliminaram a disciplina de Gramática da nossa Educação.

Fragmento de uma redação escolar com o novo 
alfabeto "fonético" das 5 vogais e das 15 consoantes


Minha transcrição (para o demótico padrão) do texto acima escrito com o novo alfabeto "fonético", para fins de comparação:


Είμαι η Ειρήνη και πηγαίνω στην πέμπτη δημοτικού. Αγαπώ πολύ το σχολείο μου και είμαι καλή μαθήτρια. 'Οταν τελειώσει το σχολείο, θα πάμε στο χωριό της θείας μου. Μας ειδοποίησε η ξαδέρφη μου ότι η θεία είναι πολύ άρρωστη. Λυπήθηκα.
Ο ξάδερφός μου είναι στρατιώτης και ο θείος μου ψαράς. Και στο χωριό όλα ευωδιάζουν και έχει και μια ωραία εκκλησία. 'Οταν μεγαλώσω θέλω να γίνω ηθοποιός.

Trad.: Sou Irene e vou ao 5º ano da escola primária. Gosto muito da minha escola e sou boa aluna. Quando terminar a escola, iremos à aldeia da minha tia. Minha prima nos informou que titia está muito doente.  Fiquei triste.
O meu primo é soldado e o meu tio, pescador. E na aldeia tudo é aromático e há também uma bonita igreja. Quando crescer, quero virar atriz.
––––––––––––––––––

Este pequeno exemplo é de arrepiar. Todos quantos (dizem que) se interessam pelo futuro da língua grega mas também das nossas crianças já deveriam ter-se rebelado! Mães gregas, salvem suas crianças: exijam a aula de Gramática!

Enquanto todos reconhecem as palavras  A Educação constitui o maior investimento para o futuro do país , na prática fazem o que podem para desacreditá-la. Com uma incrível precipitação e leviandade, o governo vem sem diálogo, sem um consenso mínimo demolir uma série de reformas que tinham sido decretadas em passado recente, pela primeira vez talvez com o mais amplo apoio parlamentar. Mudanças, que não tiveram suficiente tempo de serem postas em prática nem de serem avaliadas, retroagiram a um regime da década de 80, que, quando foi posto em prática, pode ter funcionado por impulso, mas hoje, depois de décadas de experiência, se revelou ultrapassado e ineficaz.

Sem qualquer preparativo, sem diálogo, instituições como as escolas experimentais e as regulares, que comprovadamente foram exitosas, são derrubadas porque não combinam com as ideologias dos ministros que estão à frente da Educação.   O mesmo se dá com os Conselhos das universidades e o status quo de eleição dos reitores, para retrocedermos à partidarização, que tantos males tem amontoado no espaço da Educação nas últimas décadas. É deletada completamente a experiência internacional, enquanto se suprime até mesmo a votação eletrônica, para retroagirmos ao estado em que as minorias organizadas puderem impor sua vontade. Em vez de o governo procurar o que acontece nas melhores universidades estrangeiras, ao invés de ouvir o parecer de dezenas de cientistas gregos que ensinam em universidades de ponta mundo a fora, opta por adotar o que houver de modelo mais anacrônico, de mais fracassado para ... mudar a Educação. Com expedientes precipitados, sem nenhuma margem de diálogo, contra o mais importante segmento da comunidade docente, mas também da opinião pública, como ao menos está registrado nas pesquisas de opinião , o governo e os ministros de Educação individualmente, sem solucionarem os problemas, se preparam para criar outros ainda maiores. Enquanto ainda houver tempo, caso haja alguns ajuizados no governo e na maioria parlamentar, que apliquem o freio aos planos de demolição...


III.  NOTAS EXPLICATIVAS


¹  Como a língua inglesa é de uso mais extensivo e intensivo do que qualquer outro idioma do mundo, vou referir-me a ela aqui, supondo, de forma mais direta, analisar a correlação existente entre ortografia e pronúncia, na citada língua. 

A primeira observação é que a correlação entre ortografia e pronúncia em inglês é notoriamente irregular, ou seja, em inglês o mesmo grafema (letra) não corresponde sempre ao mesmo fonema (som), resultando daí dificuldades enormes para o aprendizado e a pronúncia da língua pelo falante não nativo. Não é apenas a pronúncia que se torna difícil para os estrangeiros, mas também a ortografia constitui um verdadeiro problema para os que falam inglês como língua materna, especialmente para as crianças em escola de primeiro grau.

Essa constatação levou o dramaturgo Bernard Shaw a escrever o seguinte no prefácio à sua peça teatral Pygmalion: "Os Ingleses não têm qualquer respeito por sua língua e não ensinarão seus filhos a falá-la. Soletram-na tão abominavelmente que ninguém consegue aprender como soa. É impossível para um Inglês abrir sua boca sem causar em algum outro Inglês ódio ou desprezo por ele. As línguas alemã e espanhola são acessíveis a estrangeiros: a inglesa não é acessível nem aos Ingleses. O reformador que a Inglaterra precisa hoje é um energético entusiasta fonético: essa é a razão por que eu o transformei no herói de uma peça teatral popular. (...) Mas se a peça tornar o público ciente de que há tais pessoas como foneticistas, e que eles estão entre as pessoas mais importantes na Inglaterra no momento, prestará seu serviço."

Relembrando: a peça Pygmalion, do irlandês George Bernard Shaw, escrita em 1913, conta a história de uma mulher do povo, Eliza Doolittle, transformada em dama da alta sociedade. Ela não passava de uma mendiga que vendia flores pelas ruas escuras de Londres em busca de uns trocados. Nessa sua rotina noturna, certa vez, Eliza conheceu um culto professor de fonética, Henry Higgins, que possuía incrível capacidade de descobrir muito sobre as pessoas apenas através de seus sotaques. Quando ouviu o horrível sotaque de Eliza, o foneticista apostou com o amigo Hugh Pickering que seria capaz de transformar a simples vendedora de flores numa dama da alta sociedade, dentro de seis meses. A peça teve várias adaptações, sendo a mais famosa a feita para o cinema com o nome My Fair Lady (Minha linda dama), um filme norte-americano de 1964, do gênero comédia musical, dirigido por George Cukor. 

Essa peça, e muitas outras da época vitoriana, baseia-se no mito do pigmalião, segundo Ovídio, poeta romano contemporâneo de Augusto. Segundo essa versão, Pigmaleão era um escultor e rei de Chipre que se apaixonou por uma estátua que esculpira ao tentar reproduzir a mulher ideal. A deusa Vênus teve pena dele que não encontrava na ilha uma mulher que chegasse aos pés da sua escultura em beleza e pudor e, atendendo a um seu pedido, transformou a estátua numa mulher de carne e osso sem nome (Galateia foi o nome que lhe deu o Renascimento), com quem Pigmaleão casou-se e, nove meses depois, teve uma filha chamada Pafos (nome atual de uma ilha a sudoeste de Chipre).

Após essa pequena digressão, voltemos ao tema da correlação entre ortografia e pronúncia em inglês. A explicação que [D'EUGENIO, 1982, 319] encontrou para a irregularidade verificada entre a ortografia e a pronúncia é que "a ortografia do inglês iniciou seu processo de padronização com a introdução da imprensa no início do século XVI e tornou-se fixa até as formas atuais durante o século XVIII com a publicação dos dicionários por Samuel Johnson (1755), Thomas Sheridan (1780) e John Walker (1791). Desde aquela época, a ortografia do inglês mudou apenas em pequenos detalhes, enquanto que a sua pronúncia sofreu muitas alterações grandes. Assim, hoje temos um sistema ortográfico estereotipado no século XVIII sendo usado para representar uma pronúncia do século XX."

Apesar desse reconhecido alto grau de irregularidade entre a ortografia e a pronúncia do inglês, não é considerado algo grave pelos Ingleses, conforme [CHOMSKY & HALLE, 1968, 49]: "A ortografia do inglês, apesar de sua inconsistência frequentemente mencionada, chega impressionantemente perto de ser um ótimo sistema ortográfico para os Ingleses." Isso porque os autores consideram ortografia "um sistema projetado para leitores que conhecem a língua, que compreendem frases e portanto dominam a estrutura superficial das frases."

² Cf. in http://bragamusician.blogspot.com.br/2013/03/implicacoes-da-reforma-ortografica-da.html

³  Este artigo circulou de forma anônima na Internet em 2012 na Grécia, mas agora, em 2015, reaparece com força total.
Cf. in http://www.diadrastika.com/2015/05/katarriptetai-katargsi-merikon-fonienton-symfonon.html
O ano letivo na Grécia começa em setembro.

   Por exemplo, em um artigo intitulado "Guerra sobre as... vogais", de Papamatthéou Márni, de 12/07/2012, veja o que diz sobre o assunto o Sr. G. Bambiniótis, ex-ministro da Educação, em seu site: "Pelo que sei, houve questionamento sobre quantas são as vogais em nossa língua. Cinco (5), como está escrito na nova gramática escolar (e na gramática de Triantafyllídis desde 1940! e na nossa gramática científica de Kléri-Bambiniótis de 2011), ou sete (7), como aprendemos nas mais antigas gramáticas escolares?"
E continua: "Resposta linguística científica: as vogais como fonemas são cinco (a, e, i, o, u). As letras com que os escrevemos são sete (αειη, ο, υ, ω) ou, mais precisamente, doze, se somarmos os dígrafos ει, οι, υι (que utilizamos também para a versão escrita do fonema /i/), o αι (para a versão do /e/) e o ου (para a versão do /u/). (...) 
Na mais antiga gramática escolar — antes do desenvolvimento da fonética e da fonologia na ciência da linguística , estavam confundidos os fonemas (sons que pronunciamos em nossa língua) com as letras (com as formas que representamos na nossa grafia os sons, isto é, os fonemas).
Na nossa língua pronunciamos cinco (5) sons vocálicos cinco (5) vogais , mas temos mais letras: sete (7) monogramas e cinco (5) dígrafos para declararmos, na grafia das palavras, as 5 vogais: para o fonema /i/ (considero-o foneticamente) que pronunciamos, por exemplo. na palavra πύλη (por razões que se relacionam com a etimologia e a ortografia histórica da palavra) utilizamos, na versão escrita da palavra, as letras υ e η. Para o fonema /i/ que pronunciamos na palavra θείοι usamos os dígrafos ει e οι.
Atenção! É pena — se não vergonha — retrocedermos, hoje no século XXI, aos erros, isto é, à confusão de sons e letras ou, de outra maneira, à confusão entre pronúncia e grafia, que foram feitos nas gramáticas mais antigas. Temos tantos outros problemas a enfrentar", concluiu o catedrático de linguística."

O presidente do Centro de Língua Grega, o qual constitui, pela lei, o conselho científico do Ministério da Educação, aponta as seguintes características:
Primeiro, "as letras do alfabeto grego, que usamos na linguagem escrita, são 24. Em consequência, não se elimina nem se suprime nenhuma letra no manual de ensino escolar."

Segundo, "os fonemas (ou sons) que são usados na linguagem falada distinguem-se em vogais e consoantes. Como unanimemente ensina a ciência da Linguística (desde a grande ou "estatal" Gramática de Triantafyllídis de 1940 até a de Kléri-Bambiniótis de 2011), as vogais, isto é, os fonemas vocálicos, são 5 (a, e, i, o, u), enquanto as letras, isto é, a versão escrita delas, são 12: sete monogramas (αειη, ο, υ, ω) e cinco dígrafos: os ει, οι, υι (para a versão escrita do fonema /i/), o αι (para a versão escrita do /e/), e o ου (para a versão escrita do /u/)."

Terceiro,  "em muitas gramáticas escolares mais antigas — pré-científicas se confundem os fonemas (o que pronunciamos) com as letras (o que escrevemos). Ao contrário, na 'Nova Gramática Grega do 5º e 6º Anos do Curso Primário' em uso, também é apresentada com simplicidade e precisão a distinção científica dos sons ouvidos e dos símbolos escritos, e a prática dos alunos na grafia correta é sistemática e analítica através de exercícios claros e apropriados. Aqui também se observa a tradicional e histórica ortografia (a que impõe a distinção qualitativa e aritmética de 'fonemas' e 'letras') e a verdade científica se expressa na totalidade."

Quarto, "a correção científica constitui a única base tanto para o ensino exato dos alunos gregos, quanto para a salvaguarda da Língua Grega".   


Cf. in http://ellinikahoaxes.gr/2015/05/11/greek-letters/


IV.  BIBLIOGRAFIA


CHOMSKY, Noam & HALLE, Morris: The Sound Pattern of English, New York: Harper, 1968.

D'EUGENIO, Antonio: Major Problems of English Phonology. Foggia, Italy: Atlantica, 1982.

terça-feira, 12 de maio de 2015

PADRE GODINHO, PREGADOR NA COMEMORAÇÃO DA SEMANA SANTA DE 1960, NA HISTÓRICA SÃO JOÃO DEL-REI


Por Francisco José dos Santos Braga


Dedico este artigo ao Maestro Aluízio José Viegas, digno representante da música sacra e das tradições são-joanenses, pesquisador e musicólogo emérito, que muitas e muitas vezes tem respondido paciente e prontamente a minhas perguntas.



Pe. Antônio de Oliveira Godinho 
(✯ Carmo da Cachoeira, 1920 ✣ São Paulo, 1992)




I.  INTRODUÇÃO 



Quando iniciei a série de publicações sobre Padre Godinho no Blog do Braga, o pesquisador e musicólogo Aluízio José Viegas chamou minha atenção para a participação do ilustre reverendo na Semana Santa de São João del-Rei, em 1960. Contou-me que Pe. Godinho privava da amizade sincera do Pe. Almir de Rezende Aquino, pároco da então Matriz de Nossa Senhora do Pilar. Viegas trouxe a meu conhecimento que a Casa Paroquial da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar possuía aquela relíquia e prontificou-se a deixar-me fotografar esse material de inestimável valor para o Blog do Braga e os seus leitores.

Lembrei-me vagamente de Padre Godinho ter conversado comigo sobre essa sua visita à minha terra natal na condição de orador sacro, mas não me recordava do ano em que tal se dera nem imaginava que ainda se preservasse o registro histórico do evento. 



II.  PADRE GODINHO NO PROGRAMA DA SEMANA SANTA DE 1960



Reproduzirei aqui a festividade com a respectiva participação de Pe. Godinho:
PROGRAMA
– DAS –
EMOCIONANTES FESTIVIDADES
– DA –
SEMANA 
SANTA
QUE HÁ DOIS SÉCULOS A
IRMANDADE DO SS. SACRAMENTO 
VEM REALIZANDO COM O MAIOR
BRILHANTISMO, CONSTITUINDO-SE
EM TRADIÇÃO ENCANTADORA
PARA A CATÓLICA
SÃO JOÃO DEL-REI
1960

"Livros de Tombo" - Caixa 19, Livro 03 de 1958 a 1960 (onde se encontra o Programa abaixo)


1) Na Quinta-feira Santa, 14 de abril de 1960:
P. 6: "LAVA-PÉS
Às 20 horas, realizar-se-á a tocante cerimônia do LAVA-PÉS, havendo em seguida sermão sobre a Instituição da Eucaristia e o grande Mandamento da Caridade, pelo brilhante orador Rev. Pe. Dr. Antonio de Oliveira Godinho."



2) Na Sexta-Feira Santa, 15 de abril de 1960:
P. 8: "DESCENDIMENTO DA CRUZ
Às 20 horas — Terá início na grande Praça das Mercês (escadaria) a tocante cerimônia do DESCENDIMENTO DA CRUZ, pregando o emocionante sermão o Revmo. Pe. Dr. Antônio de Oliveira Godinho, seguindo-se a PROCISSÃO DO ENTÊRRO que percorrerá as principais ruas, recolhendo-se à Matriz do Pilar." (grifo nosso)


3) No Domingo da Ressurreição, 17 de abril de 1960:
P. 12: "COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA
Às 19 horas, haverá o atraente ato da COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA, encerrando-se as tradicionais festas da Semana Santa com solene Te Deum Laudamus e sermão pelo Revmo. Pe. Dr. Antônio de Oliveira Godinho." (grifo nosso)


Não há dúvida de que Pe. Godinho colaborou ativamente para todas as cerimônias que exigiam a participação coletiva de todos os sacerdotes. Aqui cabe lembrar o nome de todos eles e de cada um em particular, por terem, individualmente e a seu modo, contribuído para abrilhantar e engrandecer as "piedosas e solenes tradições de nossa terra".
P. 14: "Tomarão parte nestas solenidades os Revmos. Sacerdotes:
Cônego Almir de Rezende Aquino
Pe. Sebastião Raimundo de Paiva
Pe. Juvenal Guimarães
Pe. Osvaldo Lustosa
Pe. Antônio Rocha
Pe. Lourival Salvo Rios
Pe. Luiz de Mattos
Pe. Frei Concórdio van Bavel O.F.M.
Pe. Dr. Benedito Mário Calasans
Pe. Dr. Antônio de Oliveira Godinho
Clérigos Salesianos
CAPITULANTE: 
Revmo. Cônego Almir de Rezende Aquino
MESTRE DE CERIMÔNIAS:
Revmo. Pe. Osvaldo Lustosa
REGENTES:
Revmo. Pe. Antônio Rocha e
Revmo. Pe. Sebastião Raimundo de Paiva" (grifo nosso)



A seguir, são reproduzidas aqui todas as páginas do programa das festividades da Semana Santa de São João del-Rei para o ano de 1960, particularmente interessantes para os saudosistas, estudiosos e historiadores atentos ao formato do ato litúrgico antes do Concílio Vaticano II e, localmente, antes das alterações introduzidas pelo Maestro José Maria Neves na Parte Musical da Orquestra Ribeiro Bastos, que excluiu participação de autores estrangeiros e repertório que não fosse sacro ou adequado à liturgia do dia. Refiro-me aqui principalmente ao repertório musical da Quinta e Sexta-feira Santas, bem como ao do Domingo da Ressurreição).














O autor (esq.) e o Maestro Aluízio José Viegas nas dependências da Casa Paroquial da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, de São João del-Rei, em 02/02/2015


III.  AGRADECIMENTOS


No dia 2 de fevereiro do ano corrente, dirigi-me à Casa Paroquial da Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar, acompanhado de minha esposa Rute Pardini, que é quem enriquece meus textos com imagens maravilhosas obtidas de diversas fontes.

Aproveito a oportunidade para reiterar aqui meus sinceros agradecimentos ao amigo Aluízio José Viegas por ter disponibilizado essa rara passagem de Padre Godinho por São João del-Rei, numa das festividades que mais toca o público católico nas suas manifestações de fé e caridade cristãs.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

INVENTOR DO PIANO É HOMENAGEADO PELO GOOGLE COM DOODLE ANIMADO


Por Francisco José dos Santos Braga


O Google sempre surpreende com seus variados doodles ao redor do mundo
 e hoje o fez com esta  criativa homenagem ao inventor do piano.



Bela homenagem presta o Google, nesta segunda-feira, dia 4 de maio de 2015, ao transcurso do 360º aniversário de Bartolomeo Cristofori di Francesco, considerado inventor do piano, através do doodle acima, em que um pianista possivelmente Johann Sebastian Bach executa trecho de seu "Jesus, Alegria dos Homens" ("Jesus, Joy of Man's Desiring", em inglês, ou, no original alemão, "Jesus, bleibet meine Freude" - mov. X da Cantata BWV 147). ¹

Cristofori nasceu em Pádua, na Itália, no dia 4 de maio de 1655.  Quando Cristofori se iniciou no mundo da música como fabricante de cravos, este instrumento musical, dada a sua popularidade, era o que mais se sobressaía dentre os instrumentos de teclado. Entretanto, ele percebeu a fraqueza daquele instrumento, no que se refere à dinâmica (grau de intensidade de um som). 

Em 1690, mudou-se para Florença a convite do príncipe Fernando de Médici. Foi, portanto, na corte toscana, em 1698, que Cristofori apresentou seu primeiro projeto e, mais tarde, em 1702, exibiu seu primeiro cravo modificado. Em 1709, finalmente conseguiu alterar a configuração do cravo, montando pela primeira vez o avô dos pianos modernos, a que chamou de "gravicembalo com piano e forte" (cravo com piano e forte). Entretanto, apenas em 1711, apareceram os primeiros registros do novo instrumento de percussão (com martelos percutindo as cordas).

Servindo-me do Google, foi possível localizar os três pianos que Bartolomeo Cristofori criou na década de 1720. O primeiro se encontra no Museu Metropolitano de New York com a inscrição original em latim do inventor: "bartholomaevs de christophoris patavinus inventor faciebat florentiae" seguida da data em numerais romanos" (Bartolomeo Cristofori, inventor paduano, fabricava em Florença em...). As mesmas palavras trazem seus instrumentos de 1722 e 1726, que estão guardados em Roma e em Leipzig, respectivamente.
Bartolomeo Cristofori, inventor do piano


A nova invenção utilizava, ao invés de penas que pinçavam as cordas como no cravo, martelos percutindo as cordas, permitindo que a duração do som pudesse ser prolongada, desde que o músico mantivesse as teclas pressionadas. A invenção possibilitou ainda que os músicos controlassem a dinâmica e modificassem a sonoridade, dependendo de como tocassem.

Nos séculos seguintes, o piano passou por uma série de modificações antes de se tornar o instrumento musical mais popular de todos. Embora tenha sido inventado no início do século XVIII, a invenção de Cristofori só vingou no final daquele século, ao ser preferido por grandes músicos, tais como Carl Phillip Emanuel Bach, Domenico Scarlatti, Muzio Clementi, Mozart e Beethoven. No século XIX, grandes compositores românticos para o piano, especialmente Chopin, Lizst, Brahms e Schubert, trouxeram grande contribuição para a difusão do instrumento, que se impõe até hoje nas salas de concerto do mundo inteiro.

Esses aperfeiçoamentos foram considerados extremamente importantes pelos pianistas, visto que cada vez mais puderam explorar as qualidades sonoras do instrumento, fator essencial para um perfeito touché e uma única e distintiva interpretação.

O criador do doodle acima, Leon Hong, revelou que a música de Bach foi selecionada por ser contemporânea e também por se adaptar perfeitamente às animações. No citado doodle da ferramenta de busca do Google, é possível aumentar ou abaixar o volume e, à medida que o som é aumentado, os movimentos do pianista se animam. Foi através dessa caricatura deveras engenhosa que o Google conseguiu ressaltar as qualidades acústicas, sonoras, técnicas e mecânicas da nova invenção de Cristofori.


NOTA EXPLICATIVA


¹ O doodle animado ainda pode ser acessado, clicando no link: http://doodlefinder.org/bartolomeo-cristofori-inventor-piano