sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A AMÉRICA LATINA POSSUIU ANTIGAS COLÔNIAS GREGAS !!!, por Homero Hermides


I.  INTRODUÇÃO, por Francisco José dos Santos Braga



Fiquei em dúvida se deveria ou não intitular o presente artigo "As descobertas da pesquisadora Henriette Mertz sobre as expedições gregas" ou manter o título original dado pelo escritor grego Homero Hermides. Depois de refletir bem, cheguei à conclusão de que deveria manter o título escolhido por Hermides, embora ache que o título que descartei condiz mais com o conteúdo do artigo, porque o trabalho da pesquisadora norte-americana é destacado tanto pelo articulista quanto por mim, nos meus comentários.

O artigo que traduzi do grego para o português tem o mérito de cobrar explicações do governo grego em geral, e do Ministério da Educação em particular, qual seja: justificar a razão de impor o silêncio e considerar um tabu a discussão ou a divulgação das descobertas da referida pesquisadora norte-americana a respeito dos feitos de heróis e de navegadores gregos. Como interpretar esse atual complexo de inferioridade? É claro que nos recusamos a acreditar num anti-helenismo por parte do povo grego.

Já tenho escrito sobre os motivos que têm os Gregos de se orgulhar de sua gloriosa origem. Aqui relembro os principais: falantes da língua grega na península balcânica por cerca de 3.500 anos; cultores da literatura grega que tem uma história contínua de aproximadamente 3 milênios, escrita com basicamente o mesmo alfabeto grego desde o século IX a.C.; falantes da primeira língua comum da Humanidade, o koiné; falantes da língua grega, identificada com as maiores realizações da mente humana em todos os tempos (a filosofia, o teatro, a poesia lírica, dramática e épica, a criação musical e a teoria musical, a organização social, o helenismo, a arte militar, etc.); preservadores do mesmo sangue e dividindo um ancestral comum, como autênticos descendentes de Heleno, filho de Deucalião, e este, por sua vez, filho de Prometeu; mantenedores de hábitos e costumes e tradições comuns; unidos sob o signo e autoridade da Igreja Ortodoxa Grega, que se mostrou nacionalista e fiel na tormenta e na calmaria através dos tempos. Isso não é pouco e desconheço algum outro povo que possa mostrar tão grandes realizações quanto o grego.

Gostaria de aqui reconhecer que este trabalho desenvolvido por mim devo-o à sugestão do Prof. Alexandre Orfanidis, residente em Atenas, que tem se empenhado em me dar excelentes ideias no tocante à defesa da língua grega.




II.  TEXTO: A AMÉRICA LATINA POSSUIU ANTIGAS COLÔNIAS GREGAS, por Homero Hermides
(TRADUTOR: Francisco José dos Santos Braga)


Quando há muitas décadas a pesquisadora norte-americana Henriette Mertz fez a revelação de achados arqueológicos e de antigas toponímias da América do Sul, cabem as seguintes indagações: por que a tese permanece "enterrada" pelo Estado grego e pelo Ministério da Educação? Não é falsificação da história? Mas e o anti-helenismo do Estado e do Ministério?

Quando a pesquisadora norte-americana Henriette Mertz no livro "The Wine Dark Sea¹ confirmou que os gregos Argonautas e Ulisses, — os primeiros buscando o país da Cólquida ²,  o segundo buscando o retorno à sua pátria, — chegaram à América, tornando-se assim os primeiros exploradores da nova terra, naturalmente também ela não imaginava com que desprezo receberiam tal coisa não só os confrades dela (pesquisadores e arqueólogos), mas principalmente os próprios responsáveis pelo Estado grego!

Embora sejam evidentes as razões da depreciação de tal descoberta para todo o que a experimenta, independente se não se justifica tal coisa, apesar disso, o valor como fato não cessa de existir para tantos quantos queiram realmente contribuir para a direção da investigação científica e da descoberta de fatos significativos que determinam a marcha da humanidade.   

Testemunhas verídicas desses que a sra. Mertz sustentou foram os achados das escavações na América.

Não que ficassem de braços cruzados os "círculos conhecidos" que não queriam dar a conhecer essas descobertas! Daí a ocultação ou destruição daqueles achados.

Há, porém, algo que não podem, por mais que queiram ocultá-lo. São essas toponímias de regiões e de cidades da América do Sul, que existem desde épocas antiquíssimas para comprovar a passagem dos Gregos por uma terra cuja descoberta a história contemporânea nos sustenta ter ocorrido no século XV d.C.!

Vejamos alguns desses:

Éfira (Εφύρα), nas fronteiras da Guiana Inglesa (hoje apenas Guiana) e Suriname (ex-Guiana Holandesa). O seu nome vem do antigo nome de Corinto ³,  cidade na qual nasceu o antepassado de Glauco e a qual pronuncia quando dá a árvore genealógica a Diomedes.

Fedra (Φαίδρα), 30 milhas de Paramaribo no Suriname. Fedra era o nome da filha de Minos, a qual foi a segunda esposa de Teseu.

Thétis (Θέτις), golfo no extremo do cabo Horn. A mãe de Aquiles era chamada Thetis, esposa de Peleu, um dos argonautas.

Laris (Larissa), pequena aldeia a oeste de Cuzco. Lárissa, filha da família real da Grécia, deu o seu nome a uma cidade. Nessa cidade nasceu Polífimos, filho de Eiláto, membro do navio Argo.

Armonia, paralelo 51º, 24º. A esposa de Cadmo chamava-se Armonia. No casamento dela Hera a presenteou com um colar e um véu, os quais a seguir provocaram grandes tragédias às gerações que os herdaram. Observemos que essa história se refere aos mitos dos Incas!

Os Solimões (Σόλυμα), nome do baixo Amazonas entre Tabatinga e Coari. Encontramos, em várias obras dos antigos escritores, referências aos Sólimos. Homero, Píndaro, Estrabão, Heródoto, Apolônio de Rodes são alguns deles.

Quando Glauco deu a sua árvore genealógica a Diomedes, não fez menção ao rei Lico  e aos combates que impôs a Belerofonte. Um desses combates foi a luta de Belerofonte contra os Sólimos que era uma raça guerreira que vivia nos limites da Lícia. Quando conseguiu ganhar esse combate, o seguinte foi contra as Amazonas .

Existe uma teoria que comprova que a antiga Lícia era na região da América do Sul e compreendia a Venezuela, Guianas (Britânica) e Francesa e Suriname.

Com base nessa teoria, e como é certa a determinação (de limites territoriais), o país dos Sólimos seria o país ao sul da Venezuela e da cidade colombiana de Vechada, Guiana e da cidade brasileira de Amazônia, o país das Amazonas imediatamente a leste ao longo do rio "Thermódon"  ou Amazonas, até o Atlântico.

A palavra grega "Solum" (solitário) transformou-se na portuguesa "Solimões" pela cidade que se encontrava no mesmo lugar.

O Amazonas que se chama assim quando parte de Iquitos, muda de nome para "Solimões" quando chega às fronteiras brasileiras em Tabatinga ou próximo à "Atalaia do Norte" e, para os brasileiros, o rio é conhecido  de Tabatinga a Coari, por volta de 64º Norte, 4º Sul, quando de novo muda para o nome inicial de Amazonas.

Henriette Mertz escreve: "Em 1940, quando me encontrava num pequeno navio de guerra no Amazonas, exatamente naquele local, um oficial do navio observou: 'Agora nos encontramos no Solimões'." Explicou que antigamente viveu ali um povo conhecido pelos Portugueses como "Solimões" e que esta raça era muito antiga e desde sempre possuíram este lugar ao longo das duas margens do rio, mas apenas até Coari. No catálogo das raças que outrora habitaram a bacia do baixo Amazonas, Clements Markham incluiu os Solimões como "uma raça do Amazonas que antigamente era muito forte, com a qual os Portugueses deram o nome ao rio".

Em 1788 Ribeiro  relatou que "os principais restantes desta raça se achavam na embocadura do Coari. O termo português 'Solimões' se encontra também hoje nos mapas dessa região do Amazonas onde outrora viviam os Solimões, povo guerreiro."

As "Amazonas", este antigo grupo guerreiro de mulheres é bastante conhecido. Todos os antigos escritores o localizam na embocadura do rio "Thermódon", como o relata Apolônio de Rodes na sua Argonáutica. A rainha Hipólita das Amazonas casou-se com Teseu e o filho deles Hipólito deu o seu nome à cidade que se encontra a 44º Norte, 18º Sul.

A irmã mais nova da rainha Hipólita, Pentesileia contribuiu substancialmente com as Amazonas na guerra de Tróia, quando os Troianos imploraram sua ajuda. E foi ela quem desafiou Aquiles e Éanta a um duelo para ela própria encontrar mais tarde fim trágico pelo grande herói da guerra de Tróia, Aquiles.

O rio comemora ainda até hoje aquelas mulheres e guerreiras valentes, as Amazonas. Apolônio de Rodes registra particularmente: "Não há outro rio como este...".

Filadélfia, a 48º Norte, 8º Sul, uma cidade ainda com o mesmo nome próxima às fronteiras da Bolívia e do Peru a 68º Norte, 12º Sul que assim foi chamada a partir do nome de Attalus Philadelphus .

Contudo, nos últimos 6 anos as pesquisas arqueológicas confirmaram que as Amazonas não são uma questão que diz respeito apenas à mitologia. Foram tão reais quanto os povos que escreveram mais tarde sobre elas. Arqueólogos russos dataram do 3º século a.C. os túmulos mais recentes das guerreiras que foram descobertos perto do Mar do Azov, algo que comprova que a dinastia matriarcal fundada por Lysippe durou mais do que todos juntos os impérios de Ciro, Carlos Magno, Alexandre e Napoleão.

(Fragmento do livro do escritor Homero Hermides intitulado "Memórias do Futuro de Ontem", subtítulo "Tratado de heróis e santos")


Fontehttp://kisamosyperellinon.blogspot.com.br/2016/06/henrietta-mertz-henrietta-mertz.html


III.  COMENTÁRIOS, por Francisco José dos Santos Braga


¹  O Mar Negro (Dark Sea, em inglês, chamado pelos Gregos de Ponto Euxino, ou seja, "mar que acolhe bem o estrangeiro") é um mar interior situado entre a Europa, a Anatólia e o Cáucaso, ligado ao Oceano Atlântico através do Mediterrâneo e Egeu e por diversos estreitos. Um deles, o Bósforo o liga ao mar de Mármara; o de Dardanelos o conecta à região do Egeu; por fim, o de Kerch liga o Mar Negro ao Mar de Azov. Essas águas separam o Leste da Europa da Ásia ocidental. 
Os países que costeiam o Mar Negro são a Turquia, Bulgária, Romênia, Ucrânia, Rússia e Geórgia.
Sabe-se que os Gregos antigos consideravam que o Ponto Euxino tinha sido o palco de aventuras de Jasão e os Argonautas. Por outro lado, sabiam que a Cólquida era uma antiga região geográfica localizada ao sul do Cáucaso e a leste do Mar Negro, na atual República da Geórgia.

Em sua obra intitulada "The Wine Dark Sea" (O Mar Negro de Vinho), Mertz, ao contrário da crença generalizada, argumentava que Ulisses navegou através do Estreito de Gibraltar para dentro do Atlântico Norte. Além disso, ela acreditava que Ulisses teria encarado os monstros marítimos Scylla e Charybdis (Odisseia, Livro XII) quando chegou à Baía de Fundy na Nova Escócia, província canadense. 
Mertz colocou-se a seguinte pergunta: Por onde vagou Ulisses depois da queda de Tróia? 
Com essa preocupação, a pesquisadora norte-americana estudou, trecho por trecho, o texto de Homero em combinação com várias descobertas e observações mais recentes que foram mencionadas pelo próprio Homero, por exemplo, a duração da viagem, etc.). De acordo com a pesquisa da sra. Mertz, Ulisses, depois de vagar no Oceano Atlântico, chegou à América. Afinal, é bastante difícil crer que um rei tão inteligente quanto Ulisses, adepto da navegação, ficasse vagando por 10 anos dentro do Mediterrâneo, área já conhecida dos Gregos desde antiquíssimas épocas. No mapa abaixo estão também anotados detalhes tais como a área onde as Sereias foram localizadas, em que ponto do continente americano foram encontrados Scylla e Charybdis e por qual caminho retornou Ulisses a Ítaca assistido ao longo de toda a rota pela corrente do Golfo (Gulf Stream).
A Teoria Mediterrânea

Mertz também propôs que os Argonautas viajaram através do Oceano Atlântico, para baixo na costa leste da América do Sul, depois da foz do Amazonas e Rio de Janeiro ao Rio de la Plata da Argentina. Do Rio de la Plata, Jasão foi ao altiplano da Bolívia e a Tihuanaco onde estava localizado o Velocino de Ouro.


Cf. in http://www.gentlecynic.net/Articles/Son%20of%20Left%20&%20Right%20Hand.pdf

https://spacezilotes.wordpress.com/2012/06/30/homerica-4-the-mediterranean-theory-la/

Localizei,  no The Aquarian Theosophist, março de 2003, p. 1-3, um texto intitulado "Jason and the Argonauts", em que o redator da referida revista assim se expressa acerca de Henriette Mertz e de sua obra "The Wine Dark Sea":
"(...) Outra teoria não convencional e mais revolucionária que realmente merece particular menção é a de Henriette Mertz, uma arqueóloga norte-americana e pesquisadora da Pré-história Helênica.
Depois de 1950, Henriette Mertz, seguindo os escritos de Apolônio de Rodes no Livro II da "Argonáutica", navegou nas costas leste da América do Sul e ao longo do Amazonas, cobriu longas distâncias a pé na Cordilheira dos Andes no Peru, Bolívia e Colômbia e concluiu que os Argonautas tinham velejado até a América do Sul onde havia ouro em abundância. De acordo com ela, geógrafos miletianos bem equivocadamente tinham colocado a Cólquida no Ponto Euxino, aonde os antigos filólogos enviaram os Argonautas para se apoderarem do "Velocino de Ouro". 
Quanto ao termo "Bósforo",  usado por Apolônio de Rodes no Livro II , I. Passas em seu livro "Hellenic Prehistory" diz que é possível que não tenha sido usado como um ponto geográfico, mas como um termo para o estreito pelo qual o Argo navegou. As imensas ondas como montanhas e os ventos contrários que a tripulação enfrentou, assim que saíram de Bósforo, não poderiam ter ocorrido no Ponto Euxino por ser um mar interior. Talvez alguns antigos copistas, desconhecendo o fato de que o Mediterrâneo tinha acesso ao Oceano Atlântico, colocaram Bósforo no Ponto Euxino, que era um mar bem conhecido naquela época. O Argo, depois de ter velejado pelo Mediterrâneo e através dos Pilares de Hércules, foi arrastado ao Continente Americano pela corrente do Golfo (Gulf Stream). Eles velejaram ao sul do Mar dos Sargaços (as "ilhas flutuantes", Apolônio de Rodes Livro II 285, 295-298) e aportaram em Porto Rico. O Mar dos Sargaços foi assim denominado pela alga, conhecida como "sargassum", que flutuava nas áreas espalhadas por centenas de milhas quadradas ao longo dessa vasta região. Em Porto Rico eles encontraram o vidente Phineus e o libertaram das "hárpias", que não são uma invenção poética exagerada, mas, segundo a detalhada descrição de Apolônio, essas aves devem ter sido os "hoatzin", como são chamados agora na América do Sul. De lá, o Argo continuou pela passagem do lado do vento entre as duas ilhas do Haiti e Cuba (Rochas Azuis ou Rochas Colidentes). Neste ponto eu estou citando as observações de Henriette Mertz diretamente de seu livro "The Wine Dark Sea", face à detalhada descrição do fenômeno natural de maré por Apolônio de Rodes, que deveria fazer os pesquisadores pensarem. "Apolônio de Rodes precisamente descreveu a maré alta ondeando através da passagem e  o borrifo de espuma branca estourando alto nos penhascos de ambos os lados  as Rochas Azuis. A alusão às rochas colidindo juntas referia-se à maré alta  como a maré inchava arrojando-se, as rochas inferiores ficavam submersas pela subida do nível do mar, desaparecendo da vista e aparecendo para alargar a passagem dando uma ilusão ótica de dois promontórios distanciando-se. Quando a maré recuava e o nível da água baixava, as rochas inferiores ficavam expostas e parecia subitamente se juntarem. Assim elas abriam e cerravam. Uma vez que há a explosão de mar espumante, duas vezes ao dia, com uma inesperada precipitação, dizia-se que as rochas colidiam uma na outra (Συμπληγάδες-Rochas Colidentes). De acordo com Mertz, a detalhada e precisa descrição deste fenômeno natural só seria possível por testemunho ocular e este fenômeno existe exatamente como descrito e não existe em nenhum outro lugar. Por outro lado, tais marés não ocorrem em mares interiores, como o Mar Negro e o Mediterrâneo dificilmente com força suficiente para rodar um navio ("A corrente rodopiava o navio", cf. Apolônio de Rodes). Depois de passar pelas Rochas Colidentes, foi dito que o Argo velejou para dentro de outro mar amplo, o Caribenho, "onde os dois mares se encontram" (cf. Apolônio de Rodes). Aqui os dois mares são o Atlântico e o Caribenho. Vindo para dentro do Mar Caribenho, lemos a respeito de uma calmaria sem vento e um silêncio sem ar, enquanto os Argonautas curvando-se sobre os remos suavam ofegantes. É verdade que viajar do frio e selvagem Atlântico para o morno e calmo Caribenho através da Passagem do lado do vento, é possível instantaneamente sentir a mudança climática repentina exatamente como Apolônio descreve: umidade, suor, calor e moleza. Seguindo para baixo a costa leste da América do Sul, os Argonautas vieram ao Rio de la Plata (Phasis) e velejaram pelo rio acima até que vieram dar ao sul do lago Titicaca, onde a tribo de Colchicourous habitava. Mertz defende que a palavra "Colchicourous" é o vocábulo espanhol para a "Cólquida" (Κολχίς, em grego).
Cf. in http://www.teosofia.com/Docs/vol-3-5-supplement.pdf

²  A Cólquida é a região ao sul do Cáucaso e a leste do Mar Negro, na atual República da Geórgia. Na mitologia grega, era o país onde se encontrava o Velocino de Ouro, presente dos deuses que atraía a prosperidade a quem o possuísse. Jasão, a bordo do seu navio Argo, viajou até ali para o roubar ao rei.
Uma das versões mais famosas para essa épica expedição considera-se o poema épico "Argonáutica" ou "Argonáuticas", por Apolônio de Rodes (Alexandria, c. 295 a.C.-Alexandria, 230 a.C.), em que  o narrador, segundo suas próprias palavras, "irá lembrar os feitos dos homens de antigamente", através da mítica e perigosa expedição liderada por Jasão em busca do Velocino de Ouro na Cólquida. 
A referida epopeia  insere-se dentro de uma tradição de vários poemas de épocas passadas, tais como: a epopeia homérica, em especial a "Odisseia", as epopeias "Teogonia" e "Trabalhos e Dias" de Hesíodo, a Quarta Pítica de Píndaro, a tragédia "Medeia" de Eurípedes, e os Idílios XIII e XXII, de Teócrito. Os principais episódios do mito fizeram uso de poetas mais antigos como Hesíodo e Píndaro. Segundo Manuel Pérez López (1991, 21), o assunto escolhido seria favorável a um autor que se propusesse a assumir um compromisso entre a tradição e as novas formas de poetar, em conformidade com os princípios do primeiro Helenismo: 
"Seguramente ya em época de Apolônio existia un gran cúmulo de obras que había tratado el tema e ello proporcionaba ao poeta-filólogo la oportunidade de demonstrar su erudición y conocimiento exhaustivo de todo tipo de fuentes, así como tomar partido por unas u otras variantes." 
³   Na mitologia grega, Sísifo foi o fundador e primeiro rei de Éfira, depois chamada Corinto, que governou durante anos. Sísifo casou-se com Mérope, filha de Atlas e uma das sete Plêiades, tendo com ela um filho, Glauco. Sísifo e Mérope foram avós de Belerofonte.

  De acordo com Heródoto, Europa teve pelo menos dois filhos, Sarpédon e Minos. Quando estes brigaram pela coroa de Creta, sua terra natal, Minos expulsou Sarpédon  e seus partidários para o exílio. Estes aportaram em Milíada, que batizaram com o nome de Térmilas na Ásia Menor, habitada pelos Sólimos, que passaram a ser chamados de Térmilos. Posteriormente, Lico, o filho de Pandião II de Atenas, expulso por seu irmão, o rei Egeu, também se mudou para Térmilas. Os habitantes, para homenagear Lico, decidiram mudar o nome da região para Lícia. Heródoto conta ainda a seguinte curiosidade: os Lícios eram o único povo que usava o nome da mãe, e não do pai, como referência. Um lício, quando perguntado sobre seus ancestrais, enumerava os parentes do lado materno e os ancestrais femininos da mãe. Veja o que diz Heródoto textualmente (Histórias, Livro I, Clio, 173): 
"Os Lícios, originários de Creta, remontam à mais alta antiguidade. Desde os tempos mais recuados, a ilha inteira se achava completamente ocupada pelos bárbaros. Sarpédon e Minos, filhos de Europa, disputaram entre si a soberania. Minos levou a melhor e Sarpédon foi expulso com todos os seus partidários, indo ter à Milíada, cantão da Ásia — o país que hoje habitam os Lícios chamava-se outrora Milíada, e os Mílios tinham o nome de Sólimos. Durante o tempo em que Sarpédon reinou sobre eles, eram chamados Térmilos; mas, tendo Lico, filho de Pandíon, sido expulso de Atenas pelo seu irmão Egeu e procurado refúgio entre os Térmilos, junto a Sarpédon, esse povo passou a chamar-se, com o tempo, Lícios, por causa do nome do referido príncipe. Seguem os Lícios, em parte, os costumes de Creta, e em parte, os da Cária. Possuem um, entretanto, que lhes é muito peculiar: adotam o nome da mãe em lugar do do pai. Se perguntarmos a um Lício a que família pertence, ele dá-nos a genealogia da mãe e dos antepassados da mãe. Se uma mulher de condição livre desposa um escravo, os filhos são considerados nobres. Se, ao contrário, um cidadão, mesmo da mais elevada categoria, desposa uma estrangeira ou uma concubina, os filhos são espúrios.") 
Cf. in http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/historiaherodoto.html#1

  Belerofonte é um herói grego, filho adotado de Glauco de Corinto. De sua vida, sabe-se que cometeu determinado crime e fugiu exilado. Buscou asilo junto ao rei Preto de Tirinto. Lá, a rainha apaixonou-se por ele, mas, quando ele a recusou, ela sentiu-se rejeitada e acusou-o injustamente de tê-la tentado seduzir. O rei, temeroso da punição por ter assassinado um hóspede, pois, segundo a lei sagrada da hospitalidade, não poderia matá-lo, decidiu enviá-lo a Lícia, onde reinava seu sogro Ióbates. Este, então, por sua vez, encarregou-o de uma missão da qual Belerofonte muito dificilmente escaparia com vida: matar o monstro Quimera, que devastava a região, atacando rebanhos.
Inicialmente Belerofonte, com a ajuda de Atena e de certa rédea de ouro, domou Pegasus, o cavalo alado. Belerofonte, montado em Pegasus, voou sobre a Quimera, matando-a facilmente com um só golpe. Diante do sucesso, Ióbates encarregou-o, então, de várias outras tarefas arriscadas, tentando em vão que fosse morto. Envia-o em luta contra o povo guerreiro dos Sólimos, os quais derrota, retornando em seguida. Novamente, Ióbates o envia para lutar contra as Amazonas, com o mesmo resultado feliz. Sem saber como se livrar de Belerofonte, Ióbates organiza uma emboscada com alguns dos mais corajosos dos lídios, mas que perecem diante da bravura de Belerofonte, que, com o auxílio de Pégaso, se saiu vencedor de todos esses embates. Ióbates então se convenceu de que Belerofonte só podia ter origem divina e, justificando-se com seu genro Preto, deu-lhe a mão de sua filha Filonoé ou Anticleia, de quem teria os filhos Isendro, Hipóloco e Laodamia, esta, mãe de Sarpédon. Orgulhoso de seus feitos, Belerofonte decidiu voar até o Olimpo montando Pegasus, mas Zeus, ofendido com o atrevimento do herói, enviou uma vespa para picar Pegasus, que atirou Belorofonte ao chão. Atena amaciou o chão e ele não morreu, mas, a partir de então, só conseguia rastejar e passou a vida à procura de Pegasus, sem sucesso porque o cavalo Pegasus foi transformado por Zeus numa constelação.

  Thermódon ou Termodonte (em grego, Θερμώδων) é, na mitologia grega, o rio das Amazonas. Hoje leva o seu nome turco Terme Çayi, desaguando no Mar Negro a cerca de 50 km leste da cidade litorânea Samsun.
Temiscira era a cidade na foz desse rio, onde ficava o palácio das amazonas.
Suas habitantes lutaram contra Hércules, durante o seu nono trabalho (roubar o cinturão de Hipólita) e foram derrotadas. A maioria das amazonas foi morta, outras fugiram, e as sobreviventes foram escravizadas, de modo que a raça das amazonas foi praticamente exterminada. 
Também rio da Beócia, o qual brota da montanha Teumessós (agora Sorós) e é tributário do rio Asopós, na antiga cidade de Tanágra, hoje Láris.


  Suponho tratar-se da obra "A Viagem de Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio na Capitania de S. José do Rio Negro (1774-1775) (MS do Arquivo Ultramarino de Lisboa)".
Na p. 45 desse trabalho digitalizado na Internet lê-se: 
"(...) O rio Amazonas da foz do Negro para sima, se chama pellos Portuguezes, Solimões, denominação, que tira da Nação Sorimão (sic), que o habitava, cujos restos ainda se achão no Lugar de Alvellos. Não he novo, que hum Rio, que passa por diversas Provincias, tome tambem differentes nomes: e, na America, he muito vulgar appellidarem-se os rios dos nomes das Nações Dominantes, que os habitão, ou, habitarão. (...)" 


  Attalus II Philadelphus (220-138 a.C.) foi rei de Pérgamo de 159 a 138 a.C. e fundador da cidade de Attalya e Philadelphia (na atual Turquia). De acordo com outra versão, Philadelphia foi fundada por  Eumenes, rei de Pérgamo, cujo nome lhe foi dado por antonomásia em homenagem a seu irmão Attalus, cuja lealdade e amor fraternal lhe valeram o título de "Philádelfos". No seu reinado, Attalus foi aliado de Roma, que o estimava. Além de grande comandante militar, foi em geral vitorioso nas suas expedições militares, com as quais expandiu seu reino. Ficou famoso como patrono das artes e ciências, tendo sido também o inventor de um novo tipo de bordado.
Construiu em Atenas o Pórtico (stoá em grego) de Attalus (uma ampla construção em colunatas duplas de dois andares, cada um com duas alas de lojas atrás das colunatas, medindo 116 metros de comprimento e possuindo 42 lojas ao todo), como um presente aos Atenienses em retribuição ao bom acolhimento dos habitantes de Pérgamo; no seu caso particular, em reconhecimento pela época que passou em Atenas estudando sob orientação do filósofo Karneades. A Stoá de Attalus tornou-se o principal edifício comercial ou centro de compras na Antiga Ágora e foi usado por séculos, desde a sua construção por volta de 150 a.C. até cair nas mãos dos Hérulos em 267 d.C. Esse edifício foi reerguido entre 1952 e 1956 para abrigar o Museu da Ágora Antiga, criado pelo School of Classical Studies at Athens, com fundos doados pela família Rockefeller.




IV.  BIBLIOGRAFIA





BRANDÃO, J.S.: MITOLOGIA GREGA, 3 vol., Petrópolis: Vozes, 2ª edição, 1988-1989.



CARREIRA, P.C.F.C.: As Argonáuticas de Apolónio de Rodes: a arquitectura de um poema helenístico, Universidade de Lisboa: tese de Mestrado em Estudos Clássicos, 2007, 114 p.



HERMIDES, H.: A América Latina possuiu antigas colônias gregas, publicado no blog "Κίσαμος Υπέρ Ελλήνων", 28/06/2016





MERTZ, H.: THE WINE DARK SEA: Homer's Heroic Epic of the North Atlantic, Chicago: Mertz, 1964, 180 p.



THE AQUARIAN THEOSOPHIST: Jason and the Argonauts,  Los Angeles, março de 2003, p. 1-3.

http://www.teosofia.com/Docs/vol-3-5-supplement.pdf  Acesso em 03/08/2016.

9 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Tenho o prazer de apresentar minha tradução da língua grega para um artigo de Homero Hermides que trata das descobertas da pesquisadora norte-americana Henriette Mertz sobre as expedições gregas, descritas em sua obra capital intitulada "The Wine Dark Sea" (O Mar Negro de Vinho).

Como a abordagem do tema é muito rica, oferece-me a oportunidade de discutir outros assuntos correlatos.

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (juiz eleitoral, desembargador, palestrante, conferencista, escritor e membro da Academia de Letras do Ministério Público de MG e da Academia Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

MUITO BEM!

Marcos Cotrim de Barcellos (Preside a academia de história de Resende, RJ, e dirige o Instituto Campo Belo de pesquisa histórica em Itatiaia) disse...

Caro,
agradeço por mais este acesso.

Bom fds,

Marcos Cotrim de Barcellos

Dr. Mário Pellegrini Cupello (pesquisador, escritor e presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, de Valença, e sócio correspondente da Academia de Letras e IHG de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga
Há alguns anos (muitos!) li algo sobre a presença dos gregos no continente americano, todavia sem maiores detalhes, fato que colocava o texto apenas no âmbito das suposições.
Por isso devo felicitar ao ilustre amigo pela riqueza de detalhes de sua apreciação sobre o tema, trazendo luz a esse assunto que sempre me despertou interesse.
Agradeço, portanto, pela oportunidade que me proporcionou ao ler o seu artigo, de refinada pesquisa histórica. Parabéns!
O amigo Mario.

Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Mais do que interessante, Francisco. Obrigado.

Abraço de

Anderson

Prof. José Luiz Celeste (tradutor e ex-professor da EAESP-Fundação Getúlio Vargas) disse...

Prezado amigo: todas essas notícias da Grécia, leio-as com interesse. Admiro sua disposição e estamina para esses feitos. Parabéns!
Quanto ao conteúdo, ouso dizer que atribuir toda essa toponímia à presença de Gregos no continente sul-americano desde priscas épocas é temeridade. Um pouco mais do que permite o bom senso. Não seria simplesmente do gênio de quem as nomeou? Muitos nomes próprios são gregos. Já lhe disse de Eufrosina, uma senhora que trabalhava na casa de meus pais, mais recentemte Sila, uma vizinha. Fedra tb já vi, etc.
Além disso, dizer que Ulisses navegou pelo Atlântico, porque não poderia, como bom marinheiro, errar pelo Mediterrâneo por dez anos, também parece um contra-senso. Pela mesma razão atravessaria ele as Colunas de Hércules, quando seu destino era o contrário, para trás, rumo Ítaca?
Num outro aspecto, falando de tradutor para tradutor, permita- me uma intervenção: Existe em Estatística um teorema que se traduziu, no inicio do século XX, "Teorema do Limite Central". A tradução ficou, tornou-se padrão em todo o livro de Estatística. Mas é errada, pois o nome original é "Central Limit Theorem" . Correto seria "Teorema Central do Limite". Na tradução do inglês, a regra é a seguinte: primeiro a última palavra; depois a primeira e então continua-se para a frente.
Assim, permita-me um pequeno reparo, "Wine Dark Sea" seria "Mar de Vinho Escuro, ou Negro" e não Mar Negro de Vinho, o que não tem muito sentido.
Quanto ao mais, compartilho seu entusiasmo pela cultura grega. É interessante contudo que os Gregos atuais não se vêem como herdeiros dos antigos. Dizem..."isso é coisa de alemão". Percebi por meio de comentários (como esse) que publicavam sobre aquela propaganda a favor da Grécia, na época da bancarrota. Foi socorrida pela Alemanha. Também não entendo por que eles tem essa opinião. Dizem que são filhos da Igreja Ortodoxa Grega e ponto.
Abçs a vc e Rute.

Cláudio Lopes (fotógrafo, autor de catálogos e expositor de fotos) disse...

Valeu, Francisco
tenha um bom dia!!
Abraços
Claudio

Vítor Gomes Pinto (escritor, articulista, sanitarista, enófilo) disse...

Braga, meus sinceros cumprimentos pelo extraordinário e culto texto que nos conduz às profundidades e às antiguidades da cultura grega.
Para os que imaginavam que "Solimões" se originara de uns sítios onde só haviam limoeiros, a história fantástica que cerca o nome contada por meio das buscas incríveis de mestre Braga revelam todo um mundo de encontros e achados!
Inicialmente me vi atraído pelo título - The Wine Dark Sea, mas o texto não aborda (deve estar em outros trechos, não aqui comentados) temas relacionados aos vinhos. No entanto, por vezes alonga-se em referências a fontes que coincidem com as origens do vinho. É o caso da Geórgia - ainda hoje tomada por parreirais a perder de vista - e, certamente, das ilhas gregas. A este respeito tenho um texto (na aba dedicada ao tema) que navega por aqueles sítios, que refiro abaixo (quem sabe - também o repassas):
http://mundoseculoxxi.com.br/?p=2133
A ilha de Santorini (que seria a Atlântida) produz um excelente vinho branco, da uva Assirtico. Comentando o artigo o sommelier do Francisco da 203 Sul, mestre Joaldo, logo lembrou. "Tenho duas garrafas de um Assirtico aqui na Adega!". Foi a senha para que Schubert e eu, num bom almoço (que repetimos todo mês), em outro dia o degustássemos.
Grato pela aula.
Abraços,
Vitor

Paulo Roberto Souza Lima (escritor, gestor cultural e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei) disse...

Mestre Francisco, parabéns pelo esmerado texto. A epopéia grega e suas implicações históricas, topologicamente estabelecidas nos parâmetros geográficos, muito nos enriquece com seus detalhes, muitos dos quais não conhecia ou dominava.
Abraços